
"Uma onda de novo optimismo retratada no branco puro e sólido". É a antevisão de Paulo Macedo, director de moda da "Vogue" Portugal, no dia em que Nova Iorque encerra em beleza mais uma edição da Semana de Moda que apresenta, em primeira-mão, o que pode ou não ser tendência na Primavera/Verão 2011.
"Só depois de Londres, Milão e Paris é que nos chega a confirmação do que vai estar ''in'' na próxima estação", afirma Paulo Macedo, explicando que o mercado americano, "por ser mais comercial e objectivo", está direccionado para um target específico que nem sempre corresponde ao mercado europeu. No velho continente, diz Macedo, a moda é local, logo, "mais singular e sofisticada".
E se, por exemplo, criadores como Alexander Wang e Tommy Hilfiger optaram por se aproximar escandalosamente do consumidor e seguir o caminho do "é isto que o público quer, é isto que lhe vamos dar" - sem grandes surpresas -, é certo que o styling apresentado nas passerelles foi pautado pelo habitual glamour que impera em Nova Iorque.
"A direcção artística é a cereja no topo do bolo. Depois, no cabide, uma peça pode não parecer tão espectacular como num manequim de carne e osso, daí o primeiro impacto estar sempre dependente dos trabalhos de maquilhagem e cabelo", explica o especialista de Moda da "Vogue".
Paulo Macedo destacou ainda as sugestões da casa Rodarte, "pelo impecável trabalho de execução e pela definição de um conceito forte, a fugir da traça comercial". Na verdade, a marca fundada em 2005 pelas irmãs Kate e Laura Mulleavy conseguiu em tempo recorde (menos de cinco anos) fazer a ponte entre a Alta Costura e o pronto-a-vestir e ganhar o lugar cativo na passerelle Mercedes-Benz.
Marc by Marc Jacob, surpreendeu (como é costume, aliás) com uma colecção de mood revivalista, temperada com uma dose de vintage e uma onda tropical, "que lembra Jodie Foster no filme "Taxi Driver", de 1976", afirma Paulo Macedo, salvaguardando que esta "é uma opinião muito nossa [da "Vogue"]". Vestidos fluidos de cores vivas, sempre com silhuetas muito bem definidas que já se afastam, no entanto, das cinturas de vespa típicas da última estação.
Os padrões florais perderam força e deram lugar a tons base, bem como os folhos, um dos "must-have" deste Verão, que foram este ano trocados por peças de confecção menos elaborada mas, ao mesmo tempo, mais sofisticada e direccionada para a mulher activa, inspirado nos cortes modernos das casas italianas Gucci e Prada.
Depois de Nova Iorque, seguem-se as semanas de moda de Londres, Milão, Paris e Lisboa, com a capital francesa a determinar se ainda se mantém a perspectiva do "usa-se tudo". Por cá, é nos dias 7, 8, 9 e 10 de Outubro que o Mercado da Ribeira recebe a 35ª edição Moda Lisboa.
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