Maputo (Canalmoz) – O Presidente da República exonerou ontem quatros ministros do seu governo. Só um é que continua a pertencer ao Conselho de Ministros. É a primeira vez neste segundo mandado de Armando Guebuza como chefe de Estado e do Governo que houve miudanças na composição do governo. O ministro da Agricultura, Soares Nhaca, cede o cargo ao que desde o primeiro mandato de Guebuza vinha sendo ministro do Interior, o engenheiro agrónomo José Pacheco. Para o lugar que Pacheco deixa vago, Guebuza nomeou o até ontem reitor da Academia de Ciências Policiais (ACIPOL), Ricardo Mondlane. António Fernando que exercia o cargo de ministro da Indústria e Comércio também foi exonerado. Foi substituído pelo Dr. Armando Enroga, presidente da Associação Moçambicana dos Economistas. No Ministério da Saúde, Paulo Ivo Garrido foi substituído por Alexandre Manguele, quadro sénior da Saúde que já foi Director Nacional de Saúde e que se encontrava a exercer o cargo de vereador do pelouro da Saúde e Acção Social, no Conselho Municipal da Cidade de Maputo. O comunicado da Presidência da República, anunciando estas mudanças foi enviado às redacções apenas de um grupo restrito dos meios de comunicação social, nomeadamente os órgãos oficiais e reféns do regime. Os demais meios de comunicação social, foram excluídos, inclusive as televisões privadas, apurou o Canalmoz. Devido a este facto, desconhece-se as razões oficiais que ditaram a exoneração de quatro membros do Governo de Guebuza, que ainda não tinham cumprido um ano de governação desde a tomada de posse em Janeiro do corrente ano.
Regresso às “vassouradas”
Entretanto, esta prática de exonerações massivas dos ministros não é nova. Foi uma das marcas de governação de Guebuza no primeiro mandato de 2005 a 2009. Nomes como Tomás Mandlate (Agricultura), Erasmo Muhate (também Agricultura) António Munguambe (Transportes e Comunicações), Luciano de Castro (Coordenação da Acção Ambiental), Tobias Dai (Defesa Nacional) Esperança Machavel (Justiça) já foram membros do Governo de Guebuza e todos foram exonerados durante o decurso do primeiro mandato. A opinião pública chegou a apelidar estas exonerações sistemáticas de “vassouradas”. O facto dos ministros ora exonerados terem apenas cumprido alguns meses nos respectivos cargos, suscitou ontem vários comentários nas hostes políticas. De uma forma geral a opinião é de que Guebuza não consegue reunir à sua volta gente competente que assegure uma governação dinâmica e com soluções para a presente fase em que a esmagadora maioria da população permanece tensa e insatisfeita ao mesmo tempo que acabam de ser conhecidos números que provam que o tão propalado combate à pobreza absoluta, uma das bandeiras de Guebuza, não tem passado de um fiasco.
4 ministros da Agricultura em 6 anos O Ministério da Agricultura sob as ordens de Armando Guebuza tem sido uma autêntica passarele de ministros. Nos aproximadamente 6 anos de governação, Guebuza já nomeou quatro ministros para a pasta da Agricultura. A primeira aposta de Guebuza para este pelouro, logo após a sua eleição para Presidente da República, em 2005, foi Tomás Mandlate. Dois anos depois (Fevereiro de 2007) foi tirado do cargo para ceder a cadeira a Erasmo Muhate. Ainda em Dezembro de 2007, Guebuza voltou a mexer no Ministério da Agricultura, tirando Muhate para dar lugar a Soares Nhaca até então Secretário Geral da Central Sindical OTM. Este foi ontem foi exonerado. José Pacheco – engenheiro agrónomo – é o quarto ministro da Agricultura nomeado pelo presidente Armando Guebuza, desde que substitui Joaquim Chissano, seu antecessor na presidência da República e na presidência do Partido Frelimo. (Redacção)
|