Livro lançado hoje em Maputo
Um livro que podia ser de uma pequena família se transforma na história vivida de homens e de uma terra na qual tiveram de aprender a lutar para conhecerem a liberdade. É este o livro de Raúl Bernardo Honwana, lançado hoje pela editora Marimbique.
“Quando morre um velho, morre com ele uma biblioteca”. É um ditado que Raúl Bernardo Honwana contrariou ao escrever a obra “Memórias: histórias vividas dos homens e da terra”, que será relançado esta noite, na mediateca do BCI-Fomento, chancelado pela editora Marimbique.
A obra literária de Honwana foi publicada, pela primeira vez, na capital do país, em 1985, e em 1988 foi editada e publicada em língua inglesa pela Lynne Rienner Publishers.
De uma forma simples e clara, que oferece não só novos ângulos de visão como também nos traz informações adicionais sobre alguns conhecimentos, em “Memórias”, Honwana procura resgatar, através da sua narrativa, a figura do assimilado, desmistificando a imagem de um indivíduo frequentemente rotulado como colaborador do regime ou aspirante a bom “português”, particularmente nos anos posteriores à independência nacional.
Outra marca da obra de Honwana consiste na forma como procura demonstrar, pela selecção que faz dos acontecimentos, como um indivíduo a quem foi retirado o estatuto de cidadão pelo sistema do indigenato, apesar de ter sofrido inúmeras humilhações, conseguiu passar de uma posição de objecto a sujeito da história.
“Memórias” de Honwana é também a história de uma família que cresce e se solidifica sobre
os alicerces de princípios éticos profundos, onde o respeito, a amizade, o amor e a solidariedade, enraizados em valores cristãos, marcam os momentos mais difíceis da sua vida.
Esses momentos apresentados pelo autor enquadram-se com perfeição no grande desafio que o uso de canções de resistência e de trabalho, hinos político-religiosos ou poemas introduzidos como fontes históricas trouxeram à recriação de uma história de Moçambique que havia sido manipulada pela ideologia colonial e que marca a historiografia nacional de meados da década de 70 e década de 90, como escreve Tereza Cruz e Silva.
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