O Ministro da Defesa de Moçambique, Filipe Nyussi, advertiu o governo do Malawi para que não voltem a acontecer novos casos de navegação não autorizada pelas autoridades moçambicanas de embarcações de mercadorias pelos rios Chire e Zambeze até ao porto fluvial de Nsanje, na ponta sul do país vizinho.
A advertência foi feita no decurso de uma reunião de um dia da Comissão Mista de Defesa e Segurança dos dois países, terminada ao princípio da noite de ontem (sexta-feira), em Lilongwé, e que tinha em vista abordar a situação criada pela apreensão no dia 22 de outubro de duas embarcações malawianas que navegavam de Marromeu até ao porto fluvial de Nsanje, sem que para tal tivessem sido autorizadas pelas autoridades moçambicanas.
Esta decisão unilateral do Malawi levou o governo moçambicano a censurar as autoridades malawianas pelo que chamou de conduta "reprovável", justificando a apreensão de dois barcos como uma alegada tentativa do Governo de Lilóngwé de forçar testes de navegabilidade dos dois rios antes da realização de estudos de impacto ambiental e de viabilidade económica na rota fluvial moçambicana, muito pretendida pelo Malawi, país sem acesso directo ao mar.
"Não estamos preparados para aceitar atalhos, soluções de encurtamento de rotas, sem que o estudo de viabilidade com a componente ambiental indique esse caminho", disse dias depois do incidente o ministro moçambicano dos Negócios Estrangeiros, Oldemiro Baloi.
Falando à Rádio Moçambique em Lilongwe, Nyussi considerou que a advertência do governo moçambicano às autoridades nacionais malawianas visou a reafirmação da soberania moçambicana sobre o seu território e que quaisquer diferendos devem ser resolvidos “na base do diálogo e nunca à base força”.
“Na nossa história comum não encontramos lugar para qualquer tipo de confrontação ou violência”, sublinhou aquele membro do governo moçambicano, que chefiou a delegação do país na reunião da Comissão Mista de Defesa e Segurança.
Filipe Nyussi disse ainda que o governo do Malawi carece de muita informação sobre a necessidade de um estudo ambiental que determine a navegabilidade daqueles dois rios, uma premissa que está inclusivamente inscrita no acordo assinado entre Moçambique, Malawi e Zâmbia em 2005.
O encontro, de acordo com Filipe Nyussi, deliberou também sobre o intercâmbio entre as chefias militares entre os dois países, a continuação da reafirmação da fronteira comum, a troca de informações estratégicas e a troca de prisioneiros detidos moçambicanos e malawianos.
Sobre a troca de prisioneiros detidos nas cadeias do dois países, o Ministro da Defesa de Moçambique disse que uma comissão cojunta está já a ultimar e harmonizar os documentos necessários para a concretização das pretensões dos dois governos, e que a conclusão de todo o processo poderá acontecer antes da realização da sexta reunião da Comissão Mista de Segurança.
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