Além de um simples documentário sobre um escritor, cujas obras encontram-se praticamente em todo o mundo e em várias línguas
O “Desenhador de Palavras” é uma homenagem de um admirador confesso das obras de Mia Couto. Trata-se do cineasta João Ribeiro
Não foi apenas Fernando Pessoa que se deu ao luxo de revelar os seus múltiplos alter-egos por meio de obras. Mia Couto, também teve esse privilégio em “Desenhador de palavras”, pelas mãos de João Ribeiro, um retratista das suas obras .
Este cineasta é capaz de devorar livros e livros de Mia Couto, e de lá sair com cenários, actores, claquetes e o grito de comando – Acção. E porquê não retratar Couto e os seus vários “eus” em documentário? Assim, nascia uma película de 52 minutos sobre António Emílio Couto, que conta Moçambique sob várias perspectivas e personagens.
Mia Couto não é apenas desenhador de palavras e contador de histórias de outros mundos dentro de um mundo, porque Moçambique sob o olhar dos “eus” do escritor representa um mundo – é um motivador de inspirações e manifestações artísticas – cinema, teatro, dentre outros.
Ainda não se viu em Moçambique, e nem em África, escritor com mais obras traduzidas, adaptadas, para o teatro e cinema como este, que teve a sua primeira obra em 1983, intitulada “Raiz de Orvalho”. O outro alter-ego de Couto, um pouco distanciado da literatura, abraça outras causas que não deixam de ser nobres – a sua paixão pela natureza e pela vida, como biólogo, uma opção de carreira abraçada após uma fuga ainda no terceiro ano do curso de Medicina, e uma passagem pelo mundo do jornalismo como profissional da área e mais tarde director da AIM.