Estava só á tua espera para começar a servir a comida que está quantinha, tens frio? Chega-te para aqui, o lume crepita e logo aquecerás o corpo molhado as mãos frias.
Dizendo isto Maria punha as roupas a secar enquanto ele o visitante ia secando e ganhando cor. Todos os membros da casa estavam calados quedos olhando aquela senhora tão bonita de têz clara e sorriso pernanente como se vivesse num paraíso, devia ser muito feliz, pensavam eles trocando olhares mudos.
A mesa estava singelamente decorada, ao centro os sinos que ás doze badaladas iriam festejar a chegada do Menino Deus.
O visitante já com as roupas quentinhas perdera a palidez com que entrara e até já esboçava um sorriso enquando avidos seus olhos seguiam aquela senhora que ia distribuíndo as iguarias na mesa, onde a modéstia se fazia notar; era tudo simples e bonito.
Enfim ela chamou todos para a mesa, mandando sentar á cabeceira o estranho visitante, e todos se sentaram. Feito isto o visitante fez o sinal da cruz que foi seguido por todos, começando então a comer um belo caldo bem quentinho, seguindo-se alguns docinhos que a Senhora fizera no lume onde ainda as chamas se faziam sentir aquecendo a casa humilde nessa noite tão gelada.
E assim chegou a meia noite e no lugar das prendas, a bonita senhora abraçou e beijou aqueles pequenitos, desde que o marido morrera na guerra ela sempre convidava alguém para a ceia de Natal, o visitante tinha sido Jesus que passara e vendo a porta entreaberta entrou, fora a prenda mais valiosa que Maria recebera naquele Natal.
São Percheiro