Quase três dias após a enxurrada que devastou a cidade de Nova Friburgo, uma das mais afectadas da região serrana do Rio, chegou a hora de limpar o que restou e tirar o entulho e lixo da ruas. Toda a população está mobilizada para esta tarefa nesta região onde o número
Durante a madrugada desta sexta-feira, o trabalho de buscas continuou apenas em Nova Friburgo. De acordo com a Defesa Civil da cidade, o número de mortes, até o início da manhã, era de 246.
De acordo com o jornal brasileiro Folha de São Paulo, já são 223 corpos encontrados em Teresópolis, 39 em Petrópolis , e 19 em Sumidouro. Nestas cidades as buscas foram interrompidas por falta de condições e devido a chuva que caiu durante a madrugada.
O comércio de Nova Friburgo abriu parcialmente nas áreas centrais, para evitar a ameaça do corte no abastecimento da cidade, mas a maior parte de supermercados e estabelecimentos que vendem alimentos permaneceram fechados.
Com cerca de 200 mil habitantes, Nova Friburgo é conhecida como o pólo da moda, onde a indústria da lingerie movimenta grande parte da economia local. A cidade é também referência pelo turimo e geração de emprego.
Próximo da rodoviária, na entrada da cidade, empregados de uma loja de moda íntima tentavam limpar o que tinha sobrado. A loja ameaça ruir, porque uma laje de betão caiu próximo de um rio que corta a cidade.
"Parece um filme, fora da realidade (...). A cidade não está preparada", disse Luciene da Rosa, de 34 anos, há pelo menos 16 a viver em Friburgo.
Lembrou que já tinha vivido as cheias de 1996, mas garante que as deste ano foram piores.
"Vai demorar para a cidade tentar voltar ao normal", lamentou Luciene.
Num grande centro comercial, que durante toda a semana está superlotado, há uma única loja aberta.
Nas ruas do centro da cidade ainda é difícil caminhar, porque a lama tomou conta e impede a circulação de pessoas e carros.
Numa mercearia próximo da avenida principal da cidade, um casal tentava tirar a lama que havia entrado no estabelecimento. Muitos alimentos ficaram estragados.
Na quinta-feira, ainda faltava luz em grande parte da cidade, onde o trânsito permanece caótico, completamente engarrafado nas principais avenidas do centro. Ambulâncias e camiões com água pedem passagem, mas ficam atolados na lama.
A comunicação entre as equipas de salvamento está a ser feita apenas por rádio. Os bombeiros estão a trabalhar ininterruptamente desde a madrugada da tragédia.
Muitas pessoas estão, entretanto, a abandonar a cidade. Os poucos postos de gasolina abertos estavam no início da manhã de quinta-feira com filas quilométricas de veículos para abastecer, mas no período da tarde, já faltava combustível em grande parte dos postos.
Governo vai investir 790 ME na drenagem e contenção de encostas
O Governo brasileiro anunciou que vai investir 1.770 milhões de reais (790 milhões de euros) na drenagem e contenção de encostas no estado do Rio de Janeiro até 2014, no âmbito de um programa iniciado em 2009.
Esta verba, segundo informação no "site" da Presidência brasileira, insere-se no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e é independente dos 780 milhões de reais (356 milhões de euros) libertados pelo Governo federal para ajudar os desalojados e recuperar as áreas destruídas pelas cheias que afetam o estado do Rio de Janeiro e que já provocaram pelo menos 509 mortos.
Na primeira fase do PAC, que terminou em 2010, foram seleccionados projetos para o estado do Rio de Janeiro no valor de 1.032 milhões de reais (460 milhões euros).
Destes, 975 milhões de reais (435 milhões de euros) já estão a ser investidos em projetos em fase de execução.
Na segunda fase do PAC, que decorre de 2011 a 2014, as propostas de drenagem e contenção de encostas seleccionadas vão receber um investimento de 642 milhões de reais (286 milhões de euros).
A cidade de Teresópolis vai receber 13,2 milhões de reais (5,8 milhões de euros), Nova Friburgo 8,8 milhões de reais (3,9 milhões de euros) e Petrópolis 1,1 milhão de reais (490 mil euros).
Estas foram das cidades mais atingidas pelas fortes chuvas que assolam o estado do Rio de Janeiro.
Com Lusa
http://sic.sapo.pt/online/noticias/mundo/Regiao+do+Rio+de+Janeiro+tenta+recuperar+da+maior+tragedia+climatica+no+Brasil.htm