As palavras, os pensamentos, Moçambique e os seus detalhes, são coisas que fluem naturalmente, sem qualquer esforço na escrita de Mia Couto, o autor de "Jesusalém" ou "Terra Sonâmbula", que passou por Portugal para participar nas conferências do Estoril: Desafios Globais, Respostas Locais.
"Quando escrevo não existem os outros, não o faço a pensar num público", explicou o escritor quando questionado sobre a sua "escrita diferente" que o próprio vê como uma recriação da linguagem.
Deste exercício que não é propositado mas sempre inusitado Mia já viu duas obras suas serem adaptadas ao cinema (Terra Sonâmbula e O Último Voo do Flamingo). Apesar de não haver a normal desilusão na comparação entre o livro e o filme, o escritor revela que não intervém na realização e gosta da ideia de poder ser surpreendido, ainda que não crie qualquer tipo de expectativa.
E se a sua forma de colocar Moçambique em cada linha de um conto ou de um romance é peculiar, como encara o escritor a adopção do Acordo Ortográfico, ratificado pelos países da CPLP? Para Mia Couto não há espaço para dúvidas de que a nova ortografia deva ser partilhada por todos.
Contudo em Moçambique faltam recursos que acelerem este processo: "Há dificuldades óbvias porque a aplicação da nova ortografia tem implicações financeiras. É preciso re-imprimir, formar novos professores. Moçambique só consegue fazer isso se tiver a ajuda de alguém, do Brasil. de Portugal ou da comunidade de língua portuguesa".
@Mayra Prata Fernandes
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