As autoridades da Saúde da capital provincial de Sofala asseguram, contudo, que não há problemas de fármacos da chamada via essencial, concretamente para os casos de remédios para as doenças de registo obrigatório, nomeadamente antimaláricos e inflamatórios e contra a tuberculose.
O médico-chefe da cidade da Beira, Custódio da Cruz, reconheceu o facto em entrevista que concedeu ontem ao nosso Jornal, tendo explicado que as unidades sanitárias da urbe, com excepção do Hospital Central da Beira, recebem medicamentos por duas vias, nomeadamente essencial e clássica, em que na primeira recebem-se fármacos em kits para doenças que provocam óbitos rapidamente, como é o caso da malária, enquanto que a segunda é para patologias de níveis mais complexos e que não causam muitas vezes mortes imediatas, como é o caso de hipertensão.
Sendo assim, da Cruz reconheceu que os medicamentos recebidos por via essencial até então não constituem problema, porque o seu sector os possui em grandes quantidades. Mesmo assim, reconheceu que uma e outra unidade sanitária poderá enfrentar algum défice que é, por sua vez, solucionado pelo hospital vizinho.
“Temos uma espécie de cooperação, em que quando uma unidade sanitária tem falta de um determinado medicamento a outra pode socorrer. Isso ajuda a colmatar certos problemas. É certo que a crise de medicamentos de que se fala é generalizada, mas o nosso problema é de dos fármacos que recebemos por via clássica”- referiu da Cruz.
Com o efeito, o médico-chefe da cidade da Beira revelou que o maior problema ao nível da capital provincial de Sofala está relacionado com a falta de antibióticos e antiretrovirais, mas algumas unidades sanitárias ainda possuem parte deste medicamento, só que é em quantidades reduzidas.
Para aclarar melhor a situação, a nossa equipa de Reportagem efectuou uma ronda por algumas unidades sanitárias locais, em algumas das quais na companhia do médico-chefe da cidade da Beira, onde, na verdade, constatou que o grande problema é a falta de antibióticos.
No Centro de Saúde Urbano da Munhava, por exemplo, o responsável da farmácia local, Daniel Dinis, assegurou que não há problemas de medicamentos antimaláricos, bem como para doenças respiratórias e diarreicas, como para principais enfermidades que apoquentam a área da pediatria.
“Tivemos também algum registo de falta de pensos, mas estamos a ultrapassá-lo gradualmente. Contudo, há falta de alguns antibióticos, como é o caso de amoxicilina. Mas temos o clavomox, que é para bebés, e que está a escassear em alguns sítios, além de estar muito caro nas farmácias privadas. Nós aqui vendemos por cinco meticais, enquanto os privados comercializam um frasco a 625,00 meticais”- aclarou durante a visita que efectuámos ao depósito da Farmácia da Munhava.
Problemas similares podem ser constatados no Centro de Saúde da Ponta-Gêa. Mas o mesmo já não se pode dizer do Centro de Saúde da Manga-Nhaconjo, onde, segundo os depoimentos dos responsáveis locais, não há problemas de fármacos e onde dá para aguentar pelo menos por um mês.
Informações em nosso poder dão conta que problemas similares fazem-se sentir um pouco pelos restantes 12 distritos de Sofala, mas as autoridades sanitárias provinciais prometem pronunciar-se sobre o assunto nos próximos dias.
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