Acessórios com piri piri
Peças onde a rainha é a capulana
Fatuma passeava por Maputo quando encontrou, numa loja, peças de Nelsa Matavele. Eram acessórios, todos feitos em capulana. Malas, pulseiras, bandoletes. “Fiquei supreendida com a beleza e a qualidade das peças. Andei quatro meses à procura da Nelsa”, recorda a rir.
Fatuma nascera no Quénia e crescera entre Hong Kong, Reino Unido e a Somália. Chegou a Moçambique em 2007, depois de uma vida em Londres. “Queria voltar a ter a experiência africana”. Escolheu Moçambique e, como empresária que é, começou um negócio. Dessa vez de catering. Mas tratar de comida não é fácil e o retorno financeiro não compensava o desgaste. Vendeu a empresa e, quando procurava um novo rumo, encontrou as peças da moçambicana Nelsa. Foi em Abril de 2010.
Ainda hoje Fatuma é uma empresária. Não interfere no design das peças, nem na escolha das capulanas. Fatuma chega até a entrar no atelier e a ter a reacção de uma qualquer cliente que vê as peças pela primeira vez, entusiasmando-se com esta e aquela.
Da parte criativa ainda trata Nelsa, que começou com o negócio há cinco anos, quando estudava para ser dentista no Brasil. O pai, moçambicano, mandava-lhe capulanas e ela, aos poucos, foi consolidando o sonho que já tinha há anos. Fazer alguma coisa com tecido. “Eu sempre sonhei em ter uma máquina de costura. Um dia, no Brasil, comprei uma. Foi só isso”, conta Nelsa, encolhendo os ombros.
Começou com roupa. Mas, tal como Fatuma e o catering, Nelsa achou que a roupa lhe dava demasiado trabalho para o retorno financeiro. Mudou-se para os acessórios e fez um site. “Quando voltei a Moçambique, há três anos, já algumas pessoas conheciam o meu trabalho e começaram logo a pedir-me peças”.
Hoje em dia, a Pili Pili Designs funciona numa sala de um apartamento, num edifício do centro de Maputo. Ninguém imagina que um espaço tão pequeno, com apenas duas costureiras, já consegue produzir o suficiente para exportar para a África do Sul, Espanha e se prepara para atacar Nova Iorque. Em Maputo, já vendem na loja do restaurante Spazio.
O sucesso já está garantido, mas nem assim as duas mulheres se resignam. Pelo contrário, Fatuma admite que “estamos só no início. Aliás, registámos a empresa como Pili Pili Holding, porque queremos vir a ter um departamento de design de interiores, de jóias, até mobiliário. Tudo em capulana”.
Escolheram o nome Pili Pili porque quer dizer piri piri em swahili. “Piri piri é usado na comida africana, é quente, exótico, colorido, divertido. Como as nossas peças”, diz a empresária, a rir.