Belém, 06/02/2006
A VILA - O QUE ERA NO NOSSO TEMPO
O que tinha a vila:
-Grémio de produtores de cereais
-Estação de caminhos de ferro
-O Colégio
-O Sporting Clube de V.Pery (O MAIOR)
-O Benfica (algumas salas cedidas na casa de um benfiquista)
-Algumas lojinhas de indiados
-Umas duas mercearias dignas desse nome
-Um hotelzinho (muito zinho mesmo)
-A Administração que geria também a polícia indígena, limpeza pública etc.
-Cinema, uma vez por semana, nem sempre, no salão de festas do sporting.
-Um hospital. No dia em que a tua avó foi ter o Alberto, uma dona quebrou uma perna quando o chão de madeira (podre) afundou.
No tempo das aulas, 99 % dos(as) alunos(as) eram filhos(as) de fazendeiros, ferroviários e outros espalhados pelo mato e vilas mais pequenas que a nossa.
Colégio ou Liceu mais próximo ficava no mínimo a centenas de km.
As meninas eram internadas no colégio, e os rapazes, já expulsos do internato quando chegamos, espalhavam-se por pensionatos.
No domingo se ia à Missa de manhã, para olhar as moças, e à tarde se aguardava no passeio para as ver passar em filas duplas, guardadas pelas freiras. Duas à frente, duas atrás e outras espalhadas nas laterais. Os recreios eram separados. Meninas num lado e rapazes no outro.
Bem, esse era o ambiente.
Nada para fazer... e o capeta fazia a festa.
Por falar em capeta, as freiras e o pároco andaram atrás do teu pai, chegaram mesmo a falar com os teus avós, no sentido de o levarem a ser padre. Apesar das diabruras ele era bom. Sempre pronto a ajudar a a defender os mais fracos.
Embora as freiras fossem o inimigo, quem idealizava e pintava os cenários nas festas do colégio era ele. Organizava os espetáculos
e formava grupos corais que animava as festas.
Não fosse ele e as festas ficariam na Nossa Senhora e no menino Jesus.
Organizava e acertava os jogos de futebol do colégio etc.
A SERENATA
Nas fotos que te mandei, dá para ver uma caixa d'água que ficava em frente dos dormitórios. A turma dele (ele no meio também) resolveu fazer uma serenata(?) prás meninas.
Subiram na caixa d'água e vá de fazer barulho e tocar rock, elvis e outros da época num gira discos portátil (música do capeta).
As luzes das camaratas começaram a acender e apagar (as freiras patrulhando).
Depois apareceu uma lanterna vasculhando os arredores. Enquanto o pessoal se escondia, 3 ou 4 baixaram as calças e deixaram as nádegas ao luar.
O foco da lanterna foi andando até que bateu nas ditas bundas. Ficou parado por uns instantes até a freira entender o que era e apagou.
As freiras ligaram para o Administrador, autoridade local, que mandou a
polícia indigena para prender todo o mundo.
Outra cena. Eles viram o movimento e trataram de fugir. Para onde? Para dentro do cemitério abandonado que conheciamos como a palma da mão.
E a polícia? Nos primeiros BUUS que sairam do cemitério a polícia fugiu...
No dia seguinte eram acusações de todos os lados. Como ninguém falou nada, não houve flagrante e as freiras não quiseram (ou poderam)
indentificar as bundas...
Terminou em nada.