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notcias: Buscar Craveirinha em mímica
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 12/07/2011 22:05

 

 

“...na berma das avenidas asfaltadas de lixo olhemos perplexos os sarcásticos prédios por nós escaqueirados. Não dói?”. é ao ritmo deste verso de José Craveirinha que o grupo teatral Girassol vai esquentar o festival da Casa Velha, onde um cocktail cultural será o denominador comum.

Se inventássemos a lenda partindo de versos de Craveirinha, reconstruiríamos parte de uma nação. Ou melhor, “as saborosas tangerinas de Inhambane” reinventariam a história de “unidade, trabalho e vigilância” com postos de controlo até à capital.

Teria Craveirinha provado “as saborosas tangerinas” e as imortalizado em versos ou o autor se retirou dessa “epopeia” dando espaço ao narrador para nos lembrar com carinho de camarada que control não é governo? “Camarada control: aldeia é aldeia não é vila./ Camarada control: vila é vila não é cidade./ Camarada control: cidade é cidade não é distrito./ Camarada control: distrito é distrito não é província./ Camarada control: província é província não é nação./ Camarada control: control é control não é Governo.”

Mas estávamos a falar das saborosas tangerinas. “Eu adoro trincar voluptuosamente os sumarentos gomos da tangerina d’Inhambane./E desde leste a oeste quem não gosta das saborosas tangerinas d’Inhambane?”, escreve José Craveirinha. E quem gostou dos saborosos versos sobre as tangerinas de Inhambane foi o grupo de teatro Girassol, que vai adaptar o poema para mímica.

Como explica o actor e encenador Eusébio Daniel, um mímico utiliza movimentos corporais para se comunicar, sem o uso da fala, tal que os mesmos devem ser distinguidos da comédia silenciosa, na qual o artista é um personagem sem jeito numa peça teatral ou em acção. Esta forma diferente de fazer teatro é chamada pelo grupo de teatro Girassol para dar corpo ao festival multicultural da Casa Velha, que vai na sua segunda edição, no teatro Mapiko. Para tal, esta turma das artes cénicas foi buscar o poema de José Craveirinha “As saborosas tangerinas de Inhambane”.

“Não é no sentido de pegar no poema e refazer teatralmente. O que acontece é que nós levamos este poema declamado por Calane da Silva e o representamos (gestualmente) em palco”, explica este actor. A representação do poema será feita por actores da Casa Velha e do Girassol.

“É um teatro técnico e diferente, que é feito raras vezes em Moçambique. Levámos ao palco esta peça pela primeira vez aquando das celebrações dos 80 anos do saudoso Presidente Samora Machel, e apresentámos pela segunda vez no encerramento do festival de Teatro de Inverno. Esta será a terceira vez”, explica.

Participam na peça seis actores, nomeadamente, Lucas, Nelson, Nanciosa, Eusébio Daniel, Jorge e Hermenegildo, um outro actor convidado. Aliás, esta turma é que vai aquecer o festival da Casa Velha, cujo objectivo é promover o teatro e a dança, além de outras áreas culturais e educativas que vão fazer parte desta segunda edição do festival.

Portanto, este evento irá marcar o início de uma série de actividades culturais inseridas no Programa Cultural da Casa Velha para o segundo semestre deste ano, em que o centro das atenções está virado para o programa Teatrando Moçambique e o Papu Culture, que terá espaço na última sexta-feira de cada mês.

Tal como explicou o nosso interlocutor, o Festival da Casa Velha 2011 vai abarcar todas, ou a maior parte das manifestações culturais, destacando-se o teatro, a dança, a música tradicional, a poesia, tudo realizado por artistas moçambicanos e amigos alemães. O mesmo vai servir ainda para a troca de experiências culturais e criação de amizade entre os voluntários alemães que se encontram na nossa capital e os vários fazedores e amantes da cultura moçambicana.

“O objectivo principal desta marca cultural é resgatar a dinâmica das manifestações culturais e actividades que sempre tiveram lugar no teatro Mapiko e, ainda, trazer todo o público amante do teatro e dança moçambicana, de forma a motivar os vários artistas que se isolam por falta de espaço na nossa cidade”, disse Eusébio, para depois acrescentar que “para que não seja uma festa monótona, estão previstas, numa fase posterior, sessões de mostra de filmes e documentários feitos por jovens moçambicanos”.

Este festival será multifacetado e visa, essencialmente, expor e promover a cultura que se faz na cidade de Maputo na sua quase totalidade, mas como figura de cartaz tem o teatro e a dança tradicional, pelo facto de a Casa Velha ter sido feita só para promover e desenvolver estas duas manifestações artísticas.

Estarão em palco, para além do grupo Girassol, o grupo formado pelos alunos que estão a aprender a língua alemã no ICMA, grupo Makwerinho. Na dança, Milorho, Gwaza Mutine, Massacre de Mueda, Cheny, Ilaseca e grupo infantário do 1° de Maio é que vão espalhar o seu perfume artístico. A festa vai durar 24 horas.

Teatro de mímica

A origem dramática da mímica reporta-se ao teatro grego. Segundo estudiosos, o mesmo estaria atrelado a uma das musas – Polímnia – que, juntamente com Terpsícore (dança) e Calíope (poesia) teria sido responsável pela educação de Apolo, antes da sua ascensão ao monte Parnaso. Entenda-se, portanto, que essas três manifestações estão intimamente associadas.

Na época do cinema mudo, a comunicação entre os actores e o público era feita inteiramente com mímica. Dentre muitos talentos que fizeram sucesso nessa época, destaque para Charles Chaplin, com o inesquecível Carlitos. Com o advento do som nos filmes, o uso de mímica em locais públicos passou a ser feito nos palcos por profissionais talentosos e nas ruas por aprendizes ou profissionais menos requisitados, estes como forma de subsistência. A mímica é um elemento vertical que é feito por movimentos.

 

http://opais.sapo.mz/index.php/cultura/82-cultura/15082-buscar-craveirinha-em-mimica.html



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