Todavia, consultores internacionais alertam para a necessidade de se aprofundarem os estudos sobre os impactos sísmicos do futuro empreendimento, dado que a área onde o mesmo será instalado já se ressente de efeitos sísmicos provocados pela Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB).
Ontem, no Maputo, representantes dos consórcios COBA/IMPACTO/ERM-SA, a quem foi adjudicada a elaboração do Estudo do Impacto Ambiental da Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa, apresentaram os principais resultados do mesmo.
De acordo com a coordenadora do estudo, Inês Guerra, em declarações a jornalistas, dentre os impactos positivos do futuro empreendimento destaca-se, entre outros aspectos, o facto de, durante a fase de construção da Hidroeléctrica de Mpanda Nkuwa, prevista para quatro anos e meio (56 meses), terem que ser ocupados cerca de três mil trabalhadores.
“Já na fase de exploração, operação e manutenção da hidroeléctrica serão mantidos cerca de 200 trabalhadores que irão viver na vila residencial a ser implantada e que será dotada de infra-estruturas adequadas”, disse.
No que respeita aos impactos negativos, Inês Guerra referiu-se, entre outros aspectos, às escavações que serão feitas junto ao rio Zambeze; a deslocação das populações locais, que necessitarão de ser reassentadas; bem como a variação do caudal do rio, que resultará a operação da barragem.
“Todavia, há várias medidas que podem ajudar a minimizar os impactos negativos. O estudo aponta, por exemplo, a necessidade de adopção de sistemas de protecção da faina e do resgate em caso de subida do nível das águas, planos de transferências de espécies vegetais, entre outras”, disse Inês Guerra.
Entretanto, Chris Hartnady, consultor da empresa especializada contratada para analisar os impactos sísmicos do empreendimento, nomeadamente a Umroto África (Pty), Ltd., defendeu que, embora o projecto seja ambientalmente viável, “há necessidade de se aprofundar o estudo sismográfico porque o facto de os terramotos estarem adormecidos não significa que não voltarão a ocorrer”.
Segundo ele, o fluxo e a quantidade de água que a Hidroeléctrica de Mphanda Nkuwa irá movimentar pode propiciar a ocorrência de sismos.
Um dos elementos que dinamizou o projecto da hidroeléctrica foi a constatação de que o abastecimento de energia eléctrica, tanto em Moçambique como nos países vizinhos, tem-se tornado crítico nos últimos anos.
Moçambique, actualmente com uma capacidade de pico de 600MW (sem considerar a demanda de 950MW da Mozal), está a ter um aumento cada vez maior da procura e as projecções médias mostram que serão necessários 1554MW até 2020 para satisfazer as necessidades da população, sem considerar indústrias de uso intensivo de energia.
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