NAIROBI, 19 AGO (AIM) – Daniel Ng’etich foi detido há um ano e condenado a oito meses de prisão na sua cidade de Kapsabet, na província queniana de Rift Valley por ter interrompido o tratamento que vinha fazendo contra a tuberculose.
Activistas dos direitos humanos insurgiram-se contra aquilo que classificaram de violação dos direitos humanos, mas funcionários do governo defendem que a medida é no interesse da saúde pública.
Eventualmente, Ng’etich foi liberto por causa da pressão dos activistas antes do fim da pena. Ele contou à IRIN a sua experiência.
“Um dia, em Abril de 2009, decidi ir ao hospital para uma consulta porque me tinha estado a sentir mal nos últimos três meses. Quando cheguei lá, fui levado ao laboratório porque tinha dito ao médico que sentia dor no peito e estava a tossir. Também me sentia muito fraco.
“Disseram-me que tinha tuberculose e deram-me medicamentos. Tomei a medicação durante três meses mas quando me senti melhor parei. Não que eu não quisesse tomar os medicamentos ou que não quisesse ser tratado – nunca me disseram durante quanto tempo eu devia tomar os medicamentos”, disse
“Depois que parei de tomar a minha medicação contra a TB, não sabia que estava a ser procurado como um criminoso. Eles (a polícia) simplesmente chegaram à igreja e me prenderam a mim e a outros amigos meus, dizendo que eu tinha recusado tomar os medicamentos embora tivesse uma doença altamente infecciosa”, acrescentou.
Ele adiantou ainda que “Eu disse-lhes que não sabia o que tinha feito de errado. Eles levaram-me ao tribunal e o juiz disse-nos que estariamos sob custódia até terminarmos a nossaa medicação ou até que os médicos estejam convencidos que estamos prontos para tomar os medicamentos. O juiz condenou cada um de nós a oito meses de prisão”.
“A minha experiência na prisão foi pior do que o sentimento que eu tinha por causa da doença. Na prisão, pode-se facilmente ser re-infectado mesmo estando em tratamento porque muita gente lá tem tuberculose, como eu. Alguns estavam a tossir mais do que eu. Perguntei-me: se esta gente queria tanto que eu terminasse o tratamento, porque é que não podiam levar-me ao hospital e trancar-me lá?”
“Agora estou a tomar a minha medicação e estou quase a terminar. Eu penso que quando a pessoa vai ao hospital deviam dizer-lhe : ‘não pares de tomar os medicamentos até que nós digamos’. Na aldeia, muita gente é ignorante. A única coisa que sabem é a cor dos medicamentos e nada mais. Para um paciente, o médico sabe tudo – exactamente como Deus”.
Aqui fora as pessoas ainda se riem de mim e dizem que eu sou como uma criança que deve ser presa para terminar a medicação. Sinto-me estigmatizado porque as pessoas pensam que sou uma pessoa muito perigosa. Embora me sinta mal sobre o facto de ter sido preso, sei que a minha história despertou as pessoas para a seriedade da tuberculose”, disse Ng’etich.
(AIM)
Irin/bm/mz
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