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notcias: .“Cidade de Quelimane está enterrada”
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De: isaantunes  (Mensaje original) Enviado: 03/11/2011 14:02

“Cidade de Quelimane está enterrada”

- escritor e psicólogo Élio Martins Mudender justifica o título da sua obra "A Cidade Subterrânea"


Por Eduardo Quive


“A Cidade Subterrânea”, título de um livro publicado há dias em Maputo, tem como palco a cidade Quelimane. Aliás, segundo o autor, Élio Martins Mudender, Quelimane é “A Cidade Subeterrânea” retratada nesta obra, que trás revelações sobre vários problemas sociais, pois, “há muitos problemas de desemprego, habitação, muitos quadros naturais de Quelimane querem regressar à cidade, mas não há condições, acabando por regressar à capital, ou rumam para outros cantos do País a procura de melhores condições de vida, que lá não é possível encontrar, e isto faz com que eu me refira a uma cidade que está enterrada”. Mudender que é também psicólogo e natural de Quelimane, alongou a sua viagem, revelou em exclusivo nesta entrevista que, não é ele a personagem principal do livro, como se pensa, mas que na sua literária abordagem, despe o que sente pelas terras que lhe viram a nascer. “Eram pessoas a reclamar por tudo e por nada. É a miséria de um povo. Isso é verdade. Quer dizer, sem comentários, porque é de facto uma verdade: há muita fome, há miséria, e isso cria muita dor e nostalgia que quando a pessoa chega lá, sente que de facto está mal. ”

 

Como é que surge o título “A Cidade Subterrânea”?

 

- É “A Cidade Subterrânea”, pois, na minha opinião a cidade de Quelimane está a viver uma situação que me leva a acreditar que está enterrada, no sentido em que muitas coisas que por lá acontecem, sujeitam-na a uma situação de pôr em causa o desenvolvimento da sociedade e do bem estar do povo zambeziano. Mas não só o povo desta região, é uma maneira metafórica de fazer uma apreciação sobre a situação duma cidade que está num nível de desenvolvimento muito péssimo, o que pode não ser só Quelimane, podemos encontrar a mesma situação em qualquer outra cidade no mundo.

Portanto, é uma metáfora para referir toda aquela cidade, todo aquele povo, que pela ironia do destino ou pelas condições sociopolíticas, culturais e toda essa dinâmica, faz com que o seu desenvolvimento esteja parado.

Se formos para a própria cidade de Quelimane, há muitos problemas de desemprego, habitação, muitos quadros querem regressar à cidade, mas não há condições, acabam voltando a capital ou rumam para outros cantos do País a procura de melhores condições de vida, que lá não é possível encontrar. Isto faz com que eu me refira a uma cidade que está enterrada.

 


Na introdução da obra chega a contar que um jovem que acabava de se licenciar em psicologia, decide voltar à sua terra natal (Quelimane) para investir em alguma área e desenvolver a sua localidade, facto que não chega a acontecer. O Élio Martins, autor deste livro, é psicólogo e a sua terra natal é Quelimane também. Será uma coincidência dos factos ou o autor refere a si mesmo?

 

- Isto é uma obra de arte. Uma ficção. Uma construção artística. Isto é, não tem necessariamente a ver comigo. Entretanto, quando um escritor faz uma projecção artística, em algum momento, acaba reflectindo parte de si. Certamente que esta é minha obra, isso faz parte de mim como pessoa, e da minha personalidade. Entretanto, embora eu seja de Quelimane e formado em psicologia, não quer dizer que refiro-me a mim mesmo. Apenas foi um exercício literário, e nisso procurei aplicar um exemplo de jovens formados, que depois disso querem empreender, mas muitas vezes, a dinâmica da vida e a conjuntura social, não permitem, quer dizer, dum lado temos o discurso de que é preciso sermos empreendedores, inovar e ter o auto-emprego, mas muitas vezes, a realidade mostra que não é isso, e o jovem vive um dilema, em que quer empreender, mas não consegue por causa da conjuntura. Daí que, este dilema preocupa não só ao jovem de Quelimane mas, os de outros cantos do País.


Portanto, é uma obra em que estabelece uma ponte entre o real e o irreal. Mas as personagens como é que são constituídas? No caso particular de uma prostituta com o nome Maria Consolo – é Consolo porque consola o jovem recém-chegado à cidade, ou porque é o seu nome verdadeiro?

 

- Eu aprecio muito o truque em que se usa, onde procuramos criar personagens que não só entram em rede com a história, mas o nome em si transmite uma mensagem. De facto, para mim, Maria é símbolo de mãe, mulher e, por sinal a minha mãe se chama Maria.

Mas esta é Consolo, porque o papel dela vai se assemelhar ao que consola, protege, ainda que ao longo da história descobrimos outras fazes da personagem: é uma boa pessoa, prostituta e espiã. Mas eu quero com isso, reflectir sobre vários problemas que significam na sociedade. Sabe-se que para a construção duma sociedade, há várias necessidades, e é, exactamente isso, que procuro reflectir. Não se trata de algo que aconteceu na realidade, mas é um exercício artístico, mas fazendo uma ponte sobre aquilo que a imprensa fala, aquilo que o povo fala, e nos bastidores também falado, é um exercício artístico.

Um escritor deve fazer esse exercício aquilo que é a realidade, no entanto que tal, aquilo que é a realidade artística, para depois produzir um objecto, por isso que é arte. E eu faço isso entre a realidade e a ficção. Acredito que este exercício é alma de um povo, e eu tento engrandecer a cultura através desta obra.

 

Mas em geral, qual é o seu processo de criação dos personagens, pois, encontrarmos na obra pessoas que se complementam: primeiro a Maria Consolo, depois o Padre Jaime (primo do jovem) e o Guarda da igreja (um antigo combatente), os quais acompanham a personagem principal nas suas acções…

 

- É preciso encarnar. Aquilo que em Psicologia chama-se Empatia – procurar colocar-se no lugar deles, a protagonizar o acto.

Para mim uma verdadeira obra de arte para ser uma construção artística, deve trazer algo de novo, criar suspence, uma situação em que o leitor sinta-se convidado a ler e a viajar na história. Isto faz de um escrevedor um escritor. E umas das particularidades na criação literária são as personagens. Elas devem ser sujeitos que protagonizam várias acções, e devem o fazer duma maneira muito emblemática, de modo a dar um peso acrescido à própria obra.

A figura do Guarda: para mim ele é um indivíduo que nesta obra procura mostrar o dilema dos antigos combatentes, que estão insatisfeitos, pois apesar de ter combatido não se sente enquadrado, e está frustrado. Por isso, o personagem diz na obra, que existem na realidade muitos antigos combatentes nessa situação. Portanto, não é uma invenção, é umas realidades que vivemos.

O Padre: para mim o padre é uma figura emblemática. Não tenho nenhum primo chamado Jaime, nem um primo padre. É apenas uma criação.

Mas há uma coisa muito interessante. No livro, com esta personagem, faço a reflexão sobre o sacerdócio, não só em Moçambique, mas em qualquer parte do mundo. Nós sabemos que o padre católico não deve casar, mas conhecemos muitos padres que tem filhos, e que até namoram. Então estamos a viver uma situação delicada, em que de um lado, temos o padre como aquela figura que representa Deus, uma figura moralmente muito forte e que, dá ensinamentos, mas por outro lado, em muitas fases, esses mesmos sacerdotes apresentam uma postura aquém daquilo que é o padrão de comportamento que se exige dele.

E há uma luta muito grande sobre o celibato dos religiosos. Existem certos religiosos que defendem que o celibato deve ser abolido. Do ponto de vista psicológico e ideológico, o sexo é muito prático para o estabelecimento do equilíbrio do indivíduo, e o sacerdote decide abdicar-se do sexo. E isso é um desafio muito grande para os que seguem essa vida, por isso que, existem muitos problemas como a pedofilia e homossexualidade. Com esta reflexão, estamos perante um apelo, para que se tome uma medida no sentido de o padre casar-se. Para mim é algo necessário, do que obrigar muitos a fingir. Eu já estive no seminário e sei que isso acontece. É mais uma reflexão que eu faço. Isso é um problema social que interessa a todos, e é por isso que eu faço uma viagem metafórica.     


E quanto a aparição nesta obra de uma catorzinha, que chega até a apontar nomes como Marcelino, como um dos tais adultos que circula com catorzinhas? Também fala-se muito dos acontecimentos de 1 e 2 de Setembro?

 

- Ao citar as catorzinhas, baseio-me naquilo que tem acontecido. Andamos na rua e ouvimos muito comentario sobre a questão destas. Temos conhecimento a partir de alguns bem posicionados na fase adulta, que saem com meninas por troca de alguns bens e meios financeiros, isso prejudica a sociedade. Eu penso que um homem, maduro e moralmente são, deveria se colocar na situação de ver a sua filha a ser instrumentalizada sexualmente por um adulto, em troca de alguns bens. Penso que isto retira a sanidade duma sociedade. Se queremos construir uma sociedade sã, que seja um espaço que cria segurança, tranquilidade e sossego para todos, devíamos acautelar situações como estas, que muita das vezes, é uma manifestação de autêntico abuso de poder, não dá para aceitar.

Mas por outro lado, temos a situação dos dias 1 e 2 de Setembro, que todos nós ouvimos e vivemos o que aconteceu, e sabemos que aquilo vem de uma insatisfação generalizada da população. Não inventei, todos sabem disso. Para mim a ideia é que, havendo situações como estas, é necessário que os que tomam decisões à dianteira na direcção do País, prestassem atenção a tais tipos de sinais, pois havendo estes sinais, é necessário que se tome a medida correcta no sentido de se inverter esse cenário para se ter de novo uma sociedade saudável e digna para todos, onde todos sejamos filhos da mesma casa.

Ainda que de facto a igualdade de oportunidade seja algo que se pareça difícil de se realizar, há uma verdade nisso: é preciso que haja a criação de condições para uma satisfação generalizada, ou melhor, não é possível construirmos uma sociedade em que todos sejamos iguais. De facto, somos uma sociedade marcada por classes sociais diferentes, e com oportunidades e outras coisas, mas o mais importante para mim é que, hajam condições que permitam que todos os indivíduos satisfaçam as necessidades básicas, temos que lutar seriamente pela situação de habitação para os jovens, aumento do emprego, e criar condições sociais sustentáveis para todos os moçambicanos.

Nós somos um País com muitas riquezas. Então, que essas riquezas sejam usadas para o bem do povo. Essa é a minha posição. Todos devem se beneficiar, e com isso, acabarmos com a situação em que uns se beneficiam e outros não. Somos todos moçambicanos, pagamos impostos e não nos beneficiamos disso. Assim haverá satisfação.


Em alguns capítulos do seu livro encontramos símbolos, cujo significado acaba aparecendo durante o desenrolar da história, sendo ameaças de morte, chantagens e perseguição. Há algo de verídico nisso?

 

- De verídico no entanto que tal, não. Mas procurei mostrar que muitas vezes, os serviços secretos têm os seus códigos que servem como um modelo de comunicação entre eles. Devo dizer que aprecio muito, alguns filmes com abordagem de cenas policiais, e onde se faz o uso da inteligência. E quis trazer isso na nossa literatura, como forma de contribuir para que haja algo de novo.

Neste mesmo capítulo, vamos encontrar a abordagem sobre as mudanças. Quanto a mim, todos sistemas não se mantêm eternamente. Uma construção social é algo dinâmica, e se é assim, a qualquer altura pode mudar, porque só a mudança cria o desenvolvimento. Então vou arrolando sob a questão da Líbia, Egipto, Zimbabwé e de outros países.


Portanto, o psicólogo que é o Élio Martins Mudender, não conseguiu dissociar-se do escritor?

 

- É difícil separar as pessoas fragmentando-as. Se eu sou psicólogo, escritor e professor, está claro. Quero dizer que é muito difícil dividir-me, porque a minha unidade como personalidade é constituída por esses. Agora, é verdade que podemos procurar agir de modos diferentes, de um lado como escritor, como professor, e doutro como psicólogo. Mas essa visão é mais didáctica do que necessariamente táctica.

Mas o que procurei abordar nesta obra, é este misto de confusões em que as pessoas vivem. Por exemplo, uma pessoa que chega num sítio e hospeda-se numa pensão…numa pensão há prostitutas que estão a procura do pão: são nossas irmãs, filhas, a procura de pão, prostituindo-se a preço de banana. Não é ter prazer de sexo, é fome – não há saco que fica de pé vazio. Isto é um grito de alerta, pedindo socorro. Mas não vale a pena olharmos para os outros como a solução para os nossos problemas. A teoria de Compló deve desaparecer. Nós temos que olhar para nós mesmos como a razão dos nossos problemas, e daí tentarmos melhorar e inverter o cenário, do que, olharmos para os outros nomeadamente  os políticos, como a solução dos nossos problemas. E nós? Isto também serve de apelo à todos, para que nos engajemos na construção duma cidade boa e melhor, não só uma cidade, mas o Moçambique todo. 

 

Pode notar-se em alguns capítulos do seu livro que os acontecimentos estão datados. Quanto tempo levou para escrever este livro?

 

- Na verdade não sei quanto tempo levei para escrever o livro. Mas não foi muito tempo. Foi num período em que estava de férias, e foi nesse mesmo tempo que escrevi. De facto o romance não teve muito tempo a escrever. Mas eu escrevo há já muito tempo, então este é um exercício que mais faço com prazer. Há pessoas que já leram, e pensam que levei muito tempo para escrever este romance, por causa da qualidade, mas foi pouco tempo.

Todas as pessoas que me ligam dizem, “não sabíamos que em Quelimane temos um escritor a sério” e eu não me considero como tal. Mas as pessoas dizem que acaba de nascer um escritor que deve vir para ficar, e mesmo por causa disso, acabei por ser convidado a lançar o livroem Quelimane. Asvendas estão boas em Maputo, as críticas são boas. Depois desse convite, também convidaram-me a traduzir o livro para Francês.


No livro chega a abordar a questão da apreensão das madeiras em contentores, numa altura em que isso está a acontecer. É algo que já era do seu conhecimento e quis denunciar?

 

-         Eu estava a prever. Uma das características de um bom escritor – eu aprendi isso – deve saber prever. O prognóstico é importante como uma sociologia artística. Por outro lado, sabemos que a Zambézia está a ser abocanhada, a madeira está a ser delapidada. Este romance fiz em Quelimane, onde passei as férias: caminhava pela cidade, inclusive fui a Domela, onde nasci, embora tenha saído de lá muito cedo, e prossegui até Nicoadala. E eu vi este cenário. As florestas estão a ser devastadas. Existem pessoas que estão a delapidar a madeira. Isso é uma verdade.

Antes disso, escrevi um ensaio, numa altura em que a imprensa estava a reportar casos de madeiras apreendidasem Nacala. Mastambém, numa situação em que estão a ser apreendidos contentores, supostamente, de brinquedos, enquanto outras vozes dizem que são armas e drogas. São verdades que muitas vezes não sabemos, e porque talvez, não convêm que as pessoas saibam, e por causa disso, nunca sabemos qual é a verdade. Mas é uma realidade em que de facto, alguma coisa não está bem, e as pessoas sabem disso.   

Portanto, procuro registar isso, e marcar como facto histórico, porque sendo uma obra, certamente que, será lida por muita gente e isto poderá passar de geração em geração, e o meu esforço é registar os acontecimentos. Claro que os dou um toque literário, mas vagueando por aquilo que é a realidade.


Acaba de dizer que chegou a ir a Domela, sua terra natal, e isto está exposto na obra. Aliás, chega até a referir-se das potencialidades que Zambézia perdeu, e ao chegar à terra natal, debate-se com vários problemas expostos pelo povoado…

 

- Eram pessoas a reclamar por tudo e por nada. É a miséria de um povo. Isso é verdade. Quer dizer, sem comentários, porque é de facto uma verdade: há muita fome, há miséria, e isso cria muita dor e nostalgia, que quando a pessoa chega lá, sente que de facto está mal.


Como contador desta história, que justificação dá às mortes de algumas principais personagens do romance, no caso de Joel, Maria Consolo e o guarda da igreja, este último que ajudava na decifração dos símbolos?

 

- Por falar dessas mortes, devo dizer que foi numa situação em que me debatia com dificuldades de continuar com as personagens. Perguntava para mim mesmo “para onde levo estas personagens?” e não achava caminhos para os levar e então, levei-os à morte. Foi uma maneira que tive de resolver o conflito interior na construção da história, por um lado, se olharmos a subjectividade.

Mas também foi para referenciar a questão das mortes. Sabe-se que muitas gente morre e sem sabermos como. Essas situações levam-nos a insegurança (medo). Ficámos com medo de pisar o chão. Mas no fundo foi um exercício que fiz para expulsar as personagens.


E mesmo a falar disso, quais foram as dificuldades tidas para dar vida a cada personagem do livro?

 

- Certamente que isto é um exercício muito forte. Mas o grande desafio de um escritor é produzir algo que tenha interesse para o público e é por causa disso que entramos para o mais profundo, de modo a criarmos o suspence que motiva o leitor.

Outra coisa interessante, há uma frase no livro que diz “ o pobre não presta?”. Isto porque nós vivemos num mundo em que o pobre é aquele coitadinho, está na miséria, é pisado e não interessa a ninguém. Mas aqui, procuro dizer que todos nós somos importantes na face da terra. Para mim a vida é um teatro, e cada um vai encaixando-se no seu papel. Todos somos um manancial de potencialidades, somos um tesouro e, devemos ser lapidados, devemos nos respeitar. Todos merecemos dignidade, respeito e consideração, então que nos valorizemos a todos, e não medir a pessoa por aquilo que tem, mas por aquilo que é. Estamos a viver uma época em que muitas vezes as pessoas são valorizadas por aquilo que tem, e não efectivamente, por aquilo que somos. Penso que temos que resgatar um valor nobre da vida, que é valorizar a própria vida. Todos nós somos importantes.


Quais são as suas influências literárias?

 

- Para ser franco, em Moçambique, aprecio mais o Mia Couto, penso que ele é um escritor extraordinário. Por isso aprecio e leio muito a sua obra. A nível internacional, o escritor que muito me marca é Dan Brawn. O que me faz admirar este escritor é que, ele tem uma abordagem sobre as coisas, muito interessante. Procura explorar a dimensão real, dando um toque artístico e que de facto, dá-nos a impressão de que, estamos diante de um escritor de grande mérito.

Para além desses, leio muito as obras de Tabor, Tomaz Hinderbet, José Saramago – muito me impressiona – o Jorge Amado, entre outros. Em mim, o espírito crítico, nasceu da leitura às obras de Jorge Amado “Os subterrâneos da verdade”, foi uma trilogia de romances em que ele provou em mim que, estava diante de um escritor de alto nível em cabe o meu espírito.


Olhando para o seu percurso, noto que começa a escrever não hoje. Já tem a obra “As notícias duma cidade ensaguentada” que embora destacado num prémio, não chegou a lançar, e mais um de poesia. Porquê preferiu lançar primeiro a desconhecida obra “A cidade subterrânea? Será que esta é uma outra versão do título que me referi “As notícias duma cidade ensaguentada”?

 

- A maior dificuldade de um jovem escritor é de aparecer. Isso não só acontece com o escritor, mesmo com outros artistas, isso nota-se. Muitas vezes precisamos encontrar gente que nos dê um voto de confiança. Podemos registar isso também nas empresas, os empregadores tem dificuldades em confiar num recém-formado. É porque não se sabe se esse indivíduo promete ou não. E muitos não estão dispostos a arriscar.

As obras que ainda não publiquei, ganharam prémio sim, mas parecendo que não, estão engavetadas. Tenho muitas histórias que escrevi e que estão nas gavetas. Há muita coisa boa que se esconde, e é por ser de qualidade, que ficam nas gavetas, ou melhor, é por sermos bons que as portas não se abrem. Sem querer exagerar. Mas agora que as portas abriram-se estou aqui e até outros livros que tenho vão sair.

Gostaria de chamar atenção às pessoas que gostam de mim, e já agora, apreciam a minha obra, que fiquem a espera de mais novidades. Espero abrir o próximo ano com um livro.

Tenho mais um livro que estou a escrever, intitulada “ As cicatrizes do Amor” - é um romance. Vai dar que falar. No livro procuro fazer uma abordagem sobre o amor, mas não no sentido romântico, mas do ponto de vista psíquico, olhando para a questão social. Nessa obra vou falar da questão dos mega - projectos.


A publicação dessa obra mudou em algum aspecto a sua vida?

 

- Muita coisa mudou. Agora a minha vida está a centrar-se neste livro, onde passo, seja na avenida, supermercado, portagem, as pessoas apontam-me e até já me chamam “A Cidade Subterrânea.” Algo interessante.

Isto mostra que o livro teve um bom impacto. Não vou parar nesta cidade que já é conhecida. Como escritor, penso que as pessoas tem uma expectativa e não queria frustrar essas expectativas. Vou continuar a escrever, e dar o meu contributo para o desenvolvimento da literatura moçambicana. Penso que Moçambique, com a literatura também pode ir longe, como foi no atletismo, através da Lurdes Mutola, na política, com Samora Machel e Mondlane, e claro, literariamente, com o José Craveirinha e Mia Couto. Também pode ir com o Élio. Eu estou a fazer a minha parte.


Embora tenha começado com um romance, em que género literário se encontra?

 

- Eu sempre escrevi poesia, contos e romance. Mas descobri que a minha grande pátria é o romance, e queria desenvolver muito isso. Tenho poesia escrita e contos, mas quero trabalhar muito o romance. É preciso ter pátria artística e a minha é o romance.

Vou fazer isso, pesquisando mais, lendo mais e fazendo mais o exercício da escrita. A escrita, exige muita leitura, domínio da língua, esforço e acima de tudo criatividade e imaginação. 

 



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Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 2 de 4 en el tema 
De: helenamarinho Enviado: 04/11/2011 00:18
Lamentávelmente e pelas imagens que tenho visto, deve ser verdade!!!

Respuesta Eliminar Mensaje  Mensaje 3 de 4 en el tema 
De: helenamarinho Enviado: 04/11/2011 00:18
Lamentávelmente e pelas imagens que tenho visto, deve ser verdade!!!

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De: isaantunes Enviado: 04/11/2011 15:28
De acordo, que pena!


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