A zona fronteiriça da Ponta de Ouro é dos melhores pontos do país para fazer turismo, mas o deficiente estado das vias de acesso tende a isolar a zona dos turistas nacionais e estrangeiros.
Falta água canalizada para além de ser uma região sem zoneamento, pelo que operadores turísticos e residências pressionam deliberadamente o mesmo espaço (junto da praia). É um verdadeiro reino sem rei.
Dino Saidumia é um empresário com investimentos no paradisíaco posto administrativo da Ponta de Ouro, distrito de Matutuíne, província de Maputo. Com cerca de dez anos a investir no turismo, Saidumia costuma fazer viagens difíceis pelas estradas peladas da Ponta de Ouro, onde autocarros 4x4 chegam a enterrar, devido ao avançado estado de degradação das vias de acesso.
A zona fronteiriça de Ponta de Ouro oferece das melhores condições para se fazer turismo no país, no entanto, o problema está em como chegar ao destino. Tanto usando a estrada Ka Tembe – Ponta de Ouro, como a via a partir do distrito de Boane ou junto da fronteira de Kosi Bay com a África do Sul, acaba sendo um castigo viajar ao encontro das maravilhas naturais da Ponta de Ouro.
O trajecto Ka Tembe – Ponta de Ouro, com cerca de 120 quilómetros, é dos mais usados por muitos que procuram lazer naquele ponto do país, mas é sempre uma viagem cansativa e pouco recomendável para quem esteja interessado em fazer turismo. “A componente estrada, de facto, nas condições em que está, incomoda parte dos turistas, porque nem todos gostam de curtir as vias de viaturas com tracção às quatro rodas durante a exploração de turismo”, avançou Dinho Saidumia.
Consta que, além de atrair um número crescente de turistas nacionais e estrangeiros, se a estrada estivesse em condições, poderia facilitar as viagens para Durban, na vizinha África do Sul, aonde muitos moçambicanos vão tratar de negócios. Recorde-se que a estrada Ka Tembe – Ponta de Ouro faz parte de um pacote de investimento que inclui a ponte Maputo – Ka Tembe, avaliado em 500 milhões de dólares.
Para além do problema da estrada, junta-se a questão de falta de água canalizada a nível da zona da Ponta de Ouro, o que “encarece a instalação dos investimentos e a produção dos próprios serviços turísticos, na medida em que tudo é feito com base na água de furos”.
Há, segundo o sector privado local, também a necessidade de parcelamento da zona de Ponta de Ouro, pois estão, neste momento, a decorrer construções desordenadas, havendo uma maior pressão para as proximidades da costa, áreas que, em princípio, deviam ser reservadas ao investimento e não para habitação. “Nota que muitas pessoas que estão por aqui não são nativas daqui e que, sempre aos fins-de-semana, voltam para as suas zonas de origem”, revelou Saidumia.
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