Luanda, 16 nov (Lusa) - A visita oficial que o primeiro-ministro de Portugal Pedro Passos Coelho hoje inicia a Angola acentua Luanda como uma das prioridades da política externa de Lisboa.
Com Portugal mergulhado numa crise económica, Angola não só exerce um poder de atração à continuação dos investimentos portugueses, mas transformou-se mais recentemente numa oportunidade para a diversificação da aplicação de capitais angolanos e, sobretudo, uma porta de saída para a realização profissional e pessoal de cada vez maior número de portugueses.
Com cerca de 120 mil cidadãos portugueses a viverem presentemente em Angola, este país apresenta como credenciais taxas de crescimento económico invejáveis, com a previsão para 2012 a situar-se acima dos 10 por cento, e é esse excesso de liquidez que Pedro Passos Coelho vai tentar sensibilizar para reforçar a capitalização de empresas públicas.
Numa entrevista concedida à Rádio Nacional de Angola e emitida hoje de manhã em Luanda, Pedro Passos Coelho admitiu que Angola pode ser uma alavanca para a retoma económica em Portugal.
"Porque em Portugal, mercê de circunstâncias difíceis que se têm vivido nos últimos anos, tem havido uma necessidade ainda mais intensa de nos voltarmos para fora e Angola, tem estado numa lista muito relevante de empresários portugueses, que esperam encontrar em Angola, possibilidades de investimentos, profissionais português que veem Angola como um país com capacidades grandes de crescimento e que pode ajudá-los na sua realização pessoal e profissional", considerou o primeiro-ministro.
Um caso concreto da possibilidade de capitais angolanos serem investidos em Portugal foi dada terça-feira, em Lisboa, pelo ministro da Defesa, José Pedro Aguiar Branco, que admitiu que durante a estada em Luanda Pedro Passos Coelho poderá discutir a viabilidade dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, correspondendo ao interesse angolano em equipamentos ali produzidos.
Já em julho passado, o ministro de Estado e chefe da casa Civil da Presidência de Angola, Carlos Feijó, reconheceu que o Governo angolano estava a estudar "profundamente" a possibilidade de entrada no processo de privatizações em Portugal.
A transportadora aérea TAP e a elétrica EDP, entre outras empresas com capitais públicos portugueses constam do leque de oportunidades de negócio para Angola, a somar às que já são participadas por capitais públicos e privados angolanos.
Atualmente, capitais estatais e privados angolanos detêm já parte importante de empresas que integram a bolsa de valores em Portugal, e esses investimentos vão desde a banca, telecomunicações à energia e serviços.
Angola é um dos principais mercados da economia portuguesa fora da União Europeia e, por outro lado, este país tem aumentado os seus investimentos em Portugal.
No plano das relações comerciais bilaterais, Angola é o quarto maior mercado de Portugal fora da Europa, depois de Espanha, França e Alemanha.
Dados de 2010 revelam que mais de dez mil empresas portuguesas exportam produtos regularmente para Angola e que mais de duas mil angolanas têm participação portuguesa, e os setores de maior investimento entre os dois países são o financeiro, a construção civil e obras públicas e o comércio.
Passos Coelho tem uma ligação pessoal a Angola, onde viveu durante a infância, e sempre foi sua intenção visitar este país logo no início do seu mandato de primeiro-ministro.
A realização de uma visita mais longa deverá concretizar-se em 2012, antes das eleições legislativas agendadas para Angola no último trimestre desse ano.
EL.
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