Esta mini-colectiva é produzida por fotógrafos que são artistas emergentes da geração actual provenientes de distintas culturas e com experiências e convergidos num ponto através da arte fotográfica.
Os dois fotógrafos trabalharam juntos através de um intercâmbio de criação de um projecto novo em foco sobre o Grande Hotel na cidade da Beira em Moçambique.
Esta exposição estará acompanhada também de trabalhos anteriores de ambos os artistas sobre Bangladesh e República Democrática Congo.
O projecto é da iniciativa da Embaixada da Espanha em Moçambique e da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento, em parceria com o Núcleo de Arte.
Nesta mostra, que estará patente no Núcleo de Artes até 15 de Dezembro, os fotógrafos constroem uma narrativa social – humana – através de imagens que perturbam. Que perfuram. A alegria pungente das crianças nas minas de pedras do Bangladesh (Mário). O glamour anacrónico dos sapeurs do Congo cultivando o mito da elegância (Héctor). Ou a decadência áurea do Grande Hotel da Beira, num encontro a quatro olhos que se debruça sobre um largo espectro de determinantes psicossociais: pertença, poder, ecologia, auto-estima, sobrevivência, entre outros.
O pensador da fotografia Roland Barthes chamava-lhe punctum: o elemento intangível – dificilmente traduzível em palavras – de uma fotografia que nos rasga e prende. “O punctum de uma fotografia é esse acaso que nela me fere (mas também me mortifica, me apunhala)”. Nem todas as imagens o possuem. Ainda que a realidade retratada seja chocante, nem sempre uma fotografia nos trespassa como uma flecha. Nem sempre nos comove.
Escrevendo com luz no lugar de tinta, Mário e Héctor documentam existências diversas do caleidoscópio humano, num projecto que se insere no Fundo para a Internacionalização da Cultura, da AECID, contando com apoio adicional da Embaixada de Espanha em Moçambique.
Segundo os autores, “o projecto propõe uma convergência de duas mentalidades e quatro olhos, de dois fotógrafos pertencentes a contextos e gerações distintas, uma visão africana e outra europeia”
Cada obra presente é um exercício obrigatório de sensibilidade humana: duas perspectivas, uma essência.
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