117 ANOS GWAZA MUTHINI - Festa de exaltação da moçambicanidade
MAIS uma vez os moçambicanos marcaram presença semana passada na vila-sede de Marracuene para evocar os heróis de resistência contra a ocupação colonial portuguesa, tombados na batalha conhecida como Gwaza Muthini. Maputo, Terça-Feira, 7 de Fevereiro de 2012:: Notícias
Passados 117 anos deste acontecimento, hoje o Gwaza Muthini transformou-se numa grandiosa festa popular, onde milhares de pessoas vão ao local, não simplesmente para depor uma coroa de flores em tributo aos heróis de resistência, mas acima de tudo buscar inspiração para os desafios de hoje e do amanhã.
Aquele evento serve ainda de pretexto para um passeio à Marracuene, o que possibilita, portanto, turismo nacional, enquanto se assiste ao espectáculo musical que é acompanhado também por danças tradicionais e outros cânticos de evocação da moçambicanidade e dos heróis nacionais.
É por isso que quando chega esta data a pacata vila de Marracuene muda de rosto e transforma-se num grande centro de acomodação de gente proveniente de todos os pontos da província de Maputo e de outras paragens do país para homenagear os guerreiros moçambicanos e beber um pouco da nossa história e do canhu colocado à disposição de todos.
Sabendo que receberiam milhares de pessoas, os marracuenenses, tal como acontece todos os anos, trataram logo de manhã de colocar fogões e preparar refeições, com as carnes de vaca, porco e de cabrito, bem como o tradicional frango na brasa acompanhado de xima, pois são os pratos mais solicitados pelo público que igualmente sorvia o canhu, bebida feita com base no fruto silvestre canhu e que é muito abundante por estas alturas.
A cerimónia que assinalou a passagem dos 117 anos do Gwaza Muthini foi dirigida pela governadora da província do Maputo, Maria Elias Jonas.
Depois de depor uma coroa de flores no Quadrado de Marracuene, monumento erguido em homenagem aos guerreiros, e visitar a feira agro-industrial, a governante dirigiu um comício popular, no qual fez questão de recordar que a efeméride ocorria num momento de grandes adversidades, caracterizadas pelas chuvas que sacudiram o país provocando cheias que semearam dor e luto e criando desgraça a muitas famílias que viram os seus pertences levados pelas águas das chuvas.
Contudo, Maria Elias Jonas salientou que é em momentos de aflição que, mais uma vez, deve ser vincada a solidariedade que caracteriza o povo, sendo que tudo deve ser feito para atravessar este problema.
Quanto ao Gwaza Muthini, a governadora disse ser importante comemorar a data, mas numa perspectiva de transmissão de referências do passado para as novas e futuras gerações como forma de inspirá-las para os desafios do país e em prol da construção e consolidação da Nação moçambicana, promovendo-se o sentido de auto-estima, identidade cultural moçambicana nas suas formas multifacetadas.
Ela aproveitou a ocasião para fazer o lançamento do VII Festival Nacional de Cultura, cuja fase final terá lugar em Junho próximo na província de Nampula.
Para o inspector da Cultura, Arnaldo Bimbe, é salutar o facto de, continuamente, quando chegar esta data os moçambicanos irem àquele local prestar homenagem aos heróis de resistência, pois isso demonstra respeito e consideração, ao mesmo tempo que revela que em nenhum momento vergamos perante a colonização.
“Ao vir aqui a esta data significa igualmente exaltar os valores da moçambicanidade e também proclamar vitória contra o colonialismo português, prestando tributo àqueles que deram a sua vida e derramaram o seu sangue pela pátria. São eles que mais tarde inspiraram a luta de libertação nacional”, disse Bimbe.
A celebração dos 117 anos do Gwaza Muthini decorreu noite adentro com a realização de um espectáculo musical, no qual actuaram dezenas de artistas provenientes não somente do distrito de Marracuene, como também da capital do país e de outros pontos da província do Maputo.
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