O Presidente Armando Guebuza, afirma que os problemas sócio-económicos que os moçambicanos enfrentam não serão resolvidos apenas com a exploração dos recursos minerais, mas sim através de uma forma integrada com os diversos sectores de actividade.
Guebuza falava ontem em Londres, capital britânica, durante um encontro mantido com a comunidade moçambicana residente neste país europeu.
Guebuza reconhece que Moçambique pode ter um futuro mais brilhante graças aos recursos mineiros de que dispõe e, eventualmente, de outros que poderão ser descobertos no futuro. Contudo, salientou que tudo será resultado de um processo gradual.
“Os minerais que descobrimos não vão começar a dar o seu melhor imediatamente. Levará o seu tempo para recuperarmos os investimentos realizados. Vai levar tempo, mas isso não significa que não vamos ter ganhos. Vamos ganhar por via de emprego e dos impostos. Gradualmente, haverá benefícios, embora não ao nível que seria de desejar”, disse.
Na ocasião, Guebuza explicou que “esta situação está a criar impaciência. Mas é preciso ter frieza e clareza, porque os benefícios virão”.
Nos últimos 10 anos, disse Guebuza, Moçambique tem vindo a registar um crescimento económico anual na ordem de 7 a 7,5 por cento.
Por isso, disse Guebuza “estávamos com um rendimento per capita de 80 dólares e hoje estamos acima de 400 dólares. Foi um crescimento rápido e sustentável, que se manteve ao longo dos últimos anos, e mesmo com a crise financeira global não baixou”.
O estadista moçambicano aproveitou a ocasião para explicar que este crescimento não se deve apenas ao gás natural e carvão mineral.
“Nós crescemos de forma sustentável sem gás e nem carvão. Gostaria também de recordar aos moçambicanos que … estes recursos devem ser utilizados não pensando que vão resolver todos os nossos problemas. Estes problemas serão resolvidos transversalmente, e é importante que compreendamos isso. O que tem que acontecer é que os recursos sejam usados para acelerar o desenvolvimento e nos levar a acelerar o combate a pobreza”.
Guebuza reconhece que este crescimento económico ainda não se reflecte na melhoria da qualidade de vida dos moçambicanos. Aliás, este é um sentimento partilhado pela maioria dos cidadãos.
“Muitas vezes as pessoas se questionam, se há crescimento, porque ainda não se reflecte no bolso das pessoas. Esse é um problema de distribuição. O Governo está a fazer essa distribuição da riqueza através da prestação de serviços de qualidade e aumentando o acesso à água, construindo e elevando o nível das escolas, trazendo energia, telefonia para a população”, disse.
Segundo Guebuza, ao longo dos últimos 10 anos estes serviços ficaram mais acessíveis ao cidadão. Até num passado recente as pessoas precisavam de percorrer cerca de 200 quilómetros para chegar ao posto de saúde mais próximo. Hoje, precisam de caminhar apenas 40 quilómetros para chegar a um posto de saúde.
“Isto é importante e tem um grande impacto na vida das pessoas. Estes resultados são mais visíveis para as pessoas que vivem no campo”, disse.
Guebuza falou igualmente do acesso ao ensino superior que era limitado porque no país existiam apenas duas universidades, ambas em Maputo. Actualmente, o país conta com várias universidades distribuídas por todas as províncias.
“Meus compatriotas, as informações do país são de que estamos a crescer, os resultados são visíveis e todos concordaremos que a via para a resolução de todos os problemas é prestar serviços de melhor qualidade e aproximá-los mais aos cidadãos”, disse.
Guebuza concluiu a sua intervenção apelando a paciência, frieza e clareza em relação a questão da distribuição da riqueza no país, bem como a uma maior contribuição dos moçambicanos.
Participaram no evento cerca de 250 moçambicanos residentes na Grã-Bretanha.
(RM/AIM)
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