Isto sou eu a tentar explicar a mim próprio, como se tivesse 3 anos, o que leio por aí:
Por um lado a democracia é, de entre todos, o mais aceitável dos regimes, porque permite que a maioria escolha o que quer e quem quer para seu governo.
Por outro lado, à esquerda, parece evidente que quando a maioria, ou uma dose generosa de eleitores, escolhe uma opção de direita mais extrema ou radical, o regime “é preocupante” e torna-se “ameaçador”. Nestas circunstâncias, a democracia é muito aborrecida e há quem concorde com a social-democrata Ferreira Leite e a sua imaginativa interrupção voluntária do regime por seis meses.
À direita, quando a esquerda ganha, como sucedeu ontem em França, na verdade não terá ganho – o que aconteceu foi que a direita não soube passar a sua mensagem e a esquerda travestiu-se de liberal.
Já em Portugal, o que o Governo legisla é criticado e chumbado pelo PS, que legislaria da mesma forma se não estivesse na oposição, e o PSD aplaude o Governo, da mesma forma que apuparia e votaria contra se acaso o Governo fosse liderado pelo PS.
Ou seja, entrámos definitivamente no grau zero da política. Está aberto o espaço para o populismo barato, e está fechada a porta do debate sério, inteligente, e adulto. Chegou a hora de reconhecer a voz do povo: é tudo a mesma açorda.
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