A população da Munhava, o bairro mais populoso da cidade da Beira, boicotou o início de uma campanha de sensibilização contra linchamento, uma iniciativa do Instituto Superior de Tecnologia Alberto Chipande (ISCTAC) em parceria com o Instituto de Patrocínio e Assistência Jurídica.
Munhava é o bairro mais populoso da cidade da Beira e é lá onde se registam com maior frequência casos de linchamento. Infelizmente, a comitiva liderada pelo director-geral do ISCTAC e do delegado do IPAJ, acompanhada por um forte contingente policial, não conseguiu iniciar com sucesso a campanha contra a justiça com as próprias mãos.
O mercado central da Munhava foi o local escolhido pelos mentores da iniciativa. Em poucos minutos, os populares aglomeraram-se e, quando se aperceberam que o objectivo daquele pequeno encontro era sensibiliza-los contra o linchamento, iniciou uma algazarra. Os membros que compunham a comitiva enfrentaram uma série de dificuldades para dominar os ânimos. Os megafones não foram suficientes para transmitir as mensagens. Para os munhaveiros, uma educação cívica contra linchamento é o mesmo que legitimar a acção dos malfeitores.
“Nós não queremos saber nada desta campanha. Onde é que a policia e estes senhores que querem que a gente pare de matar os ladrões têm estado quando os bandidos assaltam as nossas casas, violam sexualmente as nossas mulheres e filhas. Não venham aqui com histórias de educação cívica. Vamos, sim, continuar a matar estes bandidos”, disse António Sande, um dos moradores daquela zona.
Alice Francisco, também residente na Munhava, visivelmente zangada com a iniciativa, convidou os activistas a procurarem os bandidos. “Procurem estes ladrões, assassinos e sensibilizem a eles para pararem com os assaltos. Se eles pararem, nós também pararemos, de contrário, olho por olho e dente por dente. Estamos fartos da brincadeira da polícia.”
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