Silva Pereira desafia Passos a colocar os interesses do País à frente das “considerações pessoais”.
Antecessor de Miguel Relvas na coordenação política do Governo de Portugal, durante os mandatos de José Sócrates, Pedro Silva Pereira diz que as polémicas que têm envolvido o nome do ministro-adjunto colocam-no numa "situação insustentável" e desafia Passos Coelho a pôr "os interesses do Governo e do País à frente das considerações de ordem pessoal.
O Governo perdeu o controlo da situação do País?
Essa questão tem que ser vista de dois pontos de vista. Por um lado, temos um ministro das Finanças totalmente equivocado. Manifesta-se surpreendido com a recessão, com o desemprego, com queda das receitas fiscais. Por outro, do ponto de vista político, há um desnorte por parte do Governo e também um certo esgotamento e desgaste. Nota-se na falta de iniciativa dos vários ministérios e na forma como o Governo reage de modo desastrado às várias dificuldades.
Acha que precisa de um refrescamento?
Precisa de um novo fôlego, nova orientação e corrigir erros estruturais ao nível da orgânica que foram cometidos por impreparação do primeiro-ministro e desconhecimento da realidade governativa. Ministérios que se tornaram inoperacionais, se viraram para dentro e que hoje têm manifesta dificuldade em responder nas várias frentes que têm a seu cargo. Alguns erros de ‘casting' na composição governativa. Mas este desnorte é também fruto de um certo isolamento do primeiro-ministro e da fragilidade da coordenação política do seu Governo.
Essa coordenação política está ao cargo do ministro dos Assuntos Parlamentares. Tudo o que tem envolvido o nome de Miguel Relvas, numa altura em que o Governo enfrenta dificuldades tão grandes, provoca um desgaste maior e está a ser prejudicial ao País?
A situação política que se criou é insustentável e o primeiro-ministro deveria pôr os interesses do Governo e do País à frente das considerações de ordem pessoal que certamente lhe colocam dificuldade na gestão desta situação.