A Tanzânia avisou o governo do Malawi e as companhias envolvidas na pesquisa de petróleo e gás na parte leste do Lago Niassa para parar com a prospecção até à resolução das disputas fronteiriças que opõem os dois países.
Falando a jornalistas no final de uma reunião entre os dois países, o ministro tanzaniano dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional, Bernard Membe (na imagem a esquerda), declarou categoricamente que a Tanzania apelou ao Malawi para parar com as pesquisas com vista a abrir caminho para negociações tendentes a solucionar a crise fronteiriça em torno do Lago Niassa, considerado o terceiro maior da África. O Malawi fez-se representar na reunião pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Ephraim Uganda Chime (a direita).
O ministro tanzaniano reivindicou ainda que algumas aeronaves, supostamente pertencentes a companhias envolvidas na pesquisa de hidrocarbonetos, estariam a sobrevoar ilegalmente o espaço aéreo do seu país, o que representaria uma ameaça à segurança e soberania da Tanzania.
No entanto, o governo malawiano disse não estar informado acerca deste facto.
O Malawi e Tanzânia estão desde há anos envolvidos em disputas fronteiriças em torno do Lago Niassa, partilhado pelos dois países e também por Moçambique.
Os governos dos dois países reuniram-se na última semana em torno deste caso, mas a reunião terminou num impasse. O próximo encontro deverá acontecer em Agosto.
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A União Africana decidiu que os países africanos deverão avançar nos próximos anos com a reafirmação das suas fronteiras, como estratégia para a prevenção de conflitos.
Observadores afirmam que o Malawi e a Tanzania estão a discutir um problema criado pelos colonizadores.
A Inglaterra, depois da Segunda Guerra Mundial, passou a administrar a Tanzânia e como o Malawi já estivesse nas mãos dos ingleses, o aspecto da fronteira não teve relevância.
Agora que os dois países são Estados soberanos, o conflito das fronteiras volta a eclodir, particularmente no Lago Niassa.
De acordo com o traçado colonial, aparentemente, a fronteira entre os dois países está no meio do Lago, mas agora o Malawi reivindica que a mesma deve ser removida mais para a costa tanzaniana.
Por Faustino Igreja, em Blantyre