A presidente da Associação das Secretárias moçambicanas manifestou hoje uma "profunda preocupação" com o índice de assédio, sobretudo sexual, protagonizado pelos dirigentes nas suas instituições de trabalho, e a ocultação dos casos pelas vítimas.
Julita Juma, presidente da Associação das Secretárias e Secretários de Moçambique (Assemo), disse, em Chimoio, centro de Moçambique, que muitas vítimas se recusam a reportar os casos à organização, receando a retaliação dos seus protagonistas, geralmente seus superiores hierárquicos.
"A secretária tem de ser capaz de mostrar o que ela é, e o que vale. Sempre que há casos de assédio, geralmente reportados pela imprensa, nós tentamos aproximarmo-nos da vítima, mas muitas se fecham" precisou Julita Juma.
"A secretária, como mulher, tem sido conotada como sempre estar ao dispor dos chefes, mas o nosso desafio é mostrar à sociedade que não é isso", disse a responsável, apelando aos membros da organização para serem mais activos na participação de casos.
Desde a sua criação, em 1994, a Assemo tem vindo a trabalhar em defesa das secretárias e secretários, nomeadamente na conduta ética, deontologia profissional, sigilo, além de os informar sobre a legislação da função pública, para responder às exigências dos seus gabinetes.
A organização reuniu mais de 400 secretárias e secretários no distrito de Gondola, centro de Moçambique, numa conferência nacional, para discutir sobre a "era de globalização" vincando a necessidade da valorização da carreira e profissão.
"Temos o desafio de ser proactivos. Vemos uma valorização das secretárias a nível provincial, mas a nível dos distritos encontramos secretárias que ainda não sabem o que é um computador" concluiu Juma.
(RM/Lusa)