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POLITICA: porta da loja ...
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Respuesta  Mensaje 1 de 3 en el tema 
De: Paulo Afonso  (Mensaje original) Enviado: 27/11/2012 16:28



Para quem quiser ler sobre politica portuguesa de boa informação é aqui: http://portadaloja.blogspot.pt/


A essência do cavaquismo era a das "ideias que tinha"

Em 23 de Janeiro de 1995 o jornal Público dirigido então por Vicente Jorge Silva ( que hoje debita inanidades na tv) publicou uma extensa reportagem sobre a década prodigiosa do cavaquismo, isso "no dia em que Cavaco se define", ou seja quebrava o "tabu", ou seja desvendar o que iria fazer da sua vida. Poderia ter dito: acabou, falhei, nunca mais volto à política. Porém, como se sabe, a "História não acaba assim"...


Nos anos em que alcançou duas maiorias absolutas ( 87 e 91) Cavaco foi o "chefe" e poderia ter feito o que muito bem entendia macro-economicamente. Estávamos na CEE, em breve na UE e dali não sairíamos porque recebíamos milhões e milhões de "fundos estruturais". 
Mas...seriam os problemas de Portugal essencialmente económicos? E tinha Cavaco as pessoas mais adequadas para pensar esses problemas, mesmo económicos? E os outros problemas, de cultura, educação e desenvolvimento real, como é que o Estado e os três governos de Cavaco resolveram a equação, com as pessoas que tinha a governar em maioria absoluta e o país rendido, numa expectativa que se frustrou, como agora se deve reconhecer e em 1995 era já notória. Tão notória que apareceu outro salvador, da área do socialismo democrático, de seu nome Guterres que concitou outra maioria absoluta com promessas e bolos políticos e durante meia dúzia de anos enganou novamente os portugueses ( de tal modo que um dos seus ministros emblemáticos, Sousa Franco, pronunciou publicamente num restaurante que o governo de então "era o pior desde D. Maria"). Isso será outra História, a seguir,
Por enquanto fiquemos nesta, de Cavaco.
Em 22 de Abril de 1989, a Revista do Expresso publicou este artigo de página, da autoria de um insuspeito António José Saraiva, um intelectual como já não temos ( Eduardo Lourenço leva hoje no Público uma rabecada em grande, de VPV), sobre uma figura que já então suscitava curiosidade aos portugueses em geral: Salazar. É lero que Saraiva escreve: "Salazar foi, sem dúvida, um dos homens mais notáveis da história de Portugal e possuía uma qualidade que os homens notáveis sempre possuem- uma recta intenção." Os comunistas não gostaram desta prosa de um antigo camarada...que afinal não chamava fassista ao ditador.

Os governos de Cavaco suscitaram muita curiosidade e expectativa pelas promessas de "pogresso" ( era mesmo assim que Cavaco falava na altura, por isso...) e ideias de "homem novo" e outras expectativas que colocaram muito alta a fasquia do futuro melhor para todos.

Em Abril de 1992 apareceu a revista Fortuna, dirigida por Álvaro de Mendonça. O tema de capa era já Belmiro de Azevedo.

No interior fazia-se um apanhado jornalístico sobre os ministros de Cavaco, com apreciações do ponto de vista de um "sector de ponta" em vias de aparição e que nunca mais nos largaria- o dos economistas especialistas em gestão. Olhavam assim para os ministros de Cavaco:

Como se vê, o mais desgraçado de todos era...Braga de Macedo, visto como académico, desligado das realidades económicas e "não daria um grande gestor", segundo os gurus da revista.

Outra revista surgida uns meses antes, a Valor, no primeiro número de 8.11.1991 fazia uma apreciação da politica económica do governo de Cavaco dirigida por aquele Braga de Macedo e também uma certa Manuela Ferreira Leite, agora muito crítica do suposto neo-liberalismo deste actual governo social-democrata.


Na senda da descoberta do caminho certo para a nossa economia aditivada com as ajudas estruturais da CEE, havia como sempre os do "contra". Como é costume aquele que teve sempre razão deu azo a uma crónica de VPV no Público de 7 de Julho de 1990, em forma de "Carta ao patrão dos patrões", na altura o já notório Pedro Ferraz da Costa que merecia ser ouvido muito mais do que é- e seguido. Não foi por falta de aviso que os governos de Cavaco falharam. For por soberba, pura e simples. E devorismo de uns tantos cuja história virá a seguir.


Apesar da auto-suficiência e dos conselhos amigos de quem tinha experiência e saber acumulados, num dos governos de Cavaco, um ministro teve a ideia peregrina de convocar meia dúzia dos tais economistas especializados em gestão, formados em ideias anglo-saxónicas ( percursores dos cursos da Católica, onde aliás se formou Vítor Gaspar) e com grande pompa e gasto a condizer, convidou um dos então gurus da tal gestão tipo Drucker. Michael Porter was his name e só falava inglês, conhecendo coisas como "clusters", cuja tradução para português nem sequer foi tentada porque o parolismo da época transplantou-se para o presente e apesar de algumas firmas de advogados apostarem muito na língua portuguesa, continuam a falar para inglês ver. O fenómeno parolístico começou nessa altura. Será que os alemães também se exprimem nesse inglês técnico de gestão corrente?
Então a revista Fortuna de Dezembro de 1993 publicou uma separata sobre o famigerado "relatório Porter" e uma entrevista com o seu mentor Mira Amaral, que apresentava o dito cujo não sem esclarecer que "o que eu não tenho é o impacto mediático que tem o professor Porter. As ideias já eu tinha." Parolice maior será difícil encontrar: perante a incapacidade em mostrar e convencer os portugueses das "ideias que tinha", o cavaquismo convida um americano para estudar, conjuntamente com uma equipa ( os nomes vêm na revista e são uma dúzia de jovens formados nas tais escolas de "gestão") e elabora um relatório. Destino do relatório? Lixo. Nunca foi aplicado devidamente. Portugal e as ideias que o cavaquismo tinha foram assim mesmo: uma frustração em grande.
Quanto ao tal Mira Amaral que agora aparece bem posicionado na vida, na mesma altura declarava a uma revista de automobilismo que a sua maior ambição em carros era ter um Mercedes classe C. Outro que também aparecia a mostrar o seu desejo automobilístico era um tal Fernando Gomes, um dos tais economistas formados nas antigas escolas industriais e que foi presidente da cmara do Porto. Agora administra uma empresa pública com salário a condizer com o estatuto que então ambicionava: ter um BMW série 5. Está tudo dito...




Não admira nada por isso que a prognose póstuma efectuada pelo Público em 23 de Janeiro de 1995 fosse uma grande, enorme frustração e desencanto. Apenas sobre a Economia ficam duas páginas que mostram que afinal o cavaquismo foi mesmo a génese da nossa destraça colectiva. Alguém duvida? Alguém contesta?
 O nosso fado teria mesmo que ser este, com este Cavaco e estas personagens de opereta como dantes se dizia? Não tínhamos melhor? Se calhar não porque a seguir ainda veio pior...
Em 1995, o PS apresentava-nos 100 nomes 100 para nos governar. Deus meu, como foi possível acreditar outra vez nessa desgraça?  A História segue dentre de dias.







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Respuesta  Mensaje 2 de 3 en el tema 
De: nhungue Enviado: 27/11/2012 18:53
Gostei de ver!!!

Respuesta  Mensaje 3 de 3 en el tema 
De: Helena Marinho Enviado: 27/11/2012 22:51
Também gostei de ler, mas tenho de repetir, para entender melhor e ficar ainda
mais desgostosa!!
obrigada!!


 
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