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CONTOS: CARTA A UM AMIGO
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De: nhungue (Mensaje original) |
Enviado: 27/12/2012 13:58 |
De: nhungue (Mensaje original) |
Enviado: 04/08/2011 17:36 |
Belém. 04 de Julho de 2005 Caro amigo xxxxx Espero que estejas tão bem e com a saúde e nimo que tinhas na última vez que te vi. Quarenta e dois anos se passaram desde a última vez que nos falamos. Em Vila Coutinho, 1963, quando estava de partida para a FAP. Depois disso bem que te procurei, mas nunca mais soube do teu paradeiro. Sempre que alguém me dava uma pista, ela era velha de mais. Vamos ver se desta vez estou no caminho certo. Embora nosso convívio tenha sido pequeno, pois se limitou ao período de aulas, foi em época da nossa adolescência, onde as memórias ficam mais vivas e os amigos são muito mais que conhecidos. São como irmãos. Muito por alto, vou-te contar o pouco que fiz nestes 42 anos. Em 67 voltei a Tete e comecei a trabalhar na alfndega. Me mudei pouco depois para o Standard Totta. Tirei o brevet no aeroclube e voei um bocado para o Hospital apanhando doentes nos postos do interior, o que para mim era muito gratificante. Em 71 casei com a xxxxxxx, filha do xxxxxxx(acho que chegou a ser Intendente no Governo de Tete), irmã da xxxxxxx, do xxx, do xxxxxx (morreu), da xxxx e do xxxxxxx. Em 3/3/73 nasceu em Tete o xxxx, (que me deu uma neta este ano) e, em 26/6/76 nasceu em Quelimane a xxxxxx (ainda solteira). Em Quelimane tive uns pequenos atritos com os novos donos do pedaço, que não entendiam que eu não era dono do Banco. Diplomáticamente fui contornando as situações, mas, para mal dos meus pecados, de tudo o que fazia ou escrevia, mandava cópia para a sede do banco. Um dia abri o Diário Oficial e lá estava o ministério da economia, que em razão de queixa apresentada pelo Standard Totta, admoestava e ameaçava com sanções o Governador de Quelimane (Guebuza). Eu via quase todos os dias caminhões levando gente como gado para o campo de Milange, e numa terra sem lei temi. Vendi o que tinha, que não era muito e comprei passagens para o Brasil. Com a roupa do corpo, 10,00 dólares no bolso, mulher e dois filhos, parti para começar a vida de novo. No Rio de Janeiro fui pedreiro e pintor de geladeiras, oficialmente era técnico de refrigeração de que não entendia nada. Com a papelada em ordem, consegui um lugar de office boy e logo depois tomei conta do escritório. De lá para cá meti mais de 30 milhões de dólares nos bolsos dos patrões que tive. Hoje me ocupo da gestão financeira de 3 empresas do mesmo dono. Me levanto às 6 de amnhã e volto para casa quando termino. Vou para a cama lá pelas 11, meia noite. Férias nunca tive e fins de semana nem sempre. Enquanto estiver produzindo ele me atura. Morei na favela durante muito tempo e me lembro agora da alegria que senti, quando pela 1ª vez consegui levar um frango inteiro para casa. Cigarros pegava nas oferendas de macumba na beira da estrada. Estive também em Manaus e estou agora em Belém. Passei por maus momentos e bons também. Consegui formar os dois filhos. O xxxx é arquiteto e a xxxxxx economista. Comprei um apartamento, que levei 20 anos para pagar e tenho um carro que é o meu hobby dos fins de semana, pois, com a idade que tem, está sempre quebrando. A roda da vida está completando mais uma volta. Estou agora no fim, com o caruncho já tomando conta da carcaça, sem reforma nem perspectivas de vida melhor, mas estou feliz. Como me posso queixar do estado dos meus sapatos quando olho para o lado e vejo alguém sem pés? Fiz o que podia. Não devo nada a ninguém nem a governo algum, nunca pisei ou machuquei ninguém. Durmo tranqüilo e o dia de amanhã... Deus proverá. A xxxxxxx tem sido a companheira certa, sempre forte e firme, que tem caminhado ao meu lado sem reclamações, a não ser por eu ter deixado o xxxx ir parar na outra ponta do país (Faz anos que não o vemos). Se entretém criando os filhos dos outros como nossos. É conhecida com a tia xxxxxxx, para casa de quem a garotada vai quando resolve fugir de casa. Alguns a chamam de mãe. Os meus Pais e o meu irmão mais velho, que não tornei a ver, morreram em Lisboa. Os restantes continuam por lá brigando com a vida. Do restante das gentes de Tete pouco mais sei. O meu irmão xxxxxxx casou com a xxxx, filha do xxxx xxxxxxxx, o almirante do emboque, que morreu faz alguns anos, logo seguido pela esposa. Encontrei na internet o xxxxxxx xxxxx (filho do xxxxx das O.P.), por quem rezava também todas as noites, pois quando saí de Moçambique corria o boato de que tinham sumido com toda a família. O filho mais velho do xxxxxxxxxx (serraria na estrada do aeroporto) me ligava todos os anos por altura do Natal. Este ano liguei eu. Morreu em Maio de 2004. xxxxxx, xxxxxxx, xxxxxx xxxxx, xxxxxxxxx, nunca mais ouvi falar. Por enquanto é tudo. Saudades e um grande abraço do amigo certo
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