O ritual repetia-se, sempre que, saímos de casa. A minha mãe, com o rigor da sua organização, colocava, sobre a mesa, da entrada, uma caixa de fósforos e a única fonte de iluminação de que dispunhamos; o Sr, Petromax, como, pomposamente, o apelidávamos, dada a sua importância, no nosso quotidiano. A base lustrosa e o vidro limpo, de dedadas ou marcas de mosquitos, enfim, bem cuidado, para que cumprisse, o fim a que se destinava.
O Sr, Petromax atingia o máximo, do seu protagonismo, nos regressos, noturnos, a casa. Lanterna em punho, passo rápido e a minha mãe a riscar o fosfóro, levantar o vidro e zás, a camisa a incendiar-se, umas bombadas, vigorosas e fazia-se luz. Numa explosão de alegria, gritávamos: - Viva o sr. Petromax!
Mas, um dia é sempre um dia, sobretudo quando se vive no mato, onde o inesperado se sobrepõe a qualquer rotina ou expectativa, um movimento mais brusco, a "camisa" a desfazer-se, em cinza, a espera, no escuro, enquanto era substituída e o nosso herói passava, então, a Malvado Petromax.
Isabel