Estamos em guerra...
Em guerra suja, cruenta, que dá fome, que dá doenças, que dá morte e abandono dos nossos mais profundos anseios. Estamos em guerra com um governo de direita em quem votei por mal dos meus pecados e em quem nunca mais, enquanto for vivo, renovarei o meu voto. Estamos em guerra vendo compatriotas nossos ao abandono pelas ruas das nossas cidades sem ter aonde dormir, sem ter que comer, sem ter um mínimo de garantias para a sua subsistência e futuro. Estamos em guerra sangrenta, hedíonda,
programada por gente sem mérito, sem sentimentos, sem um mínimo de dignidade, sem honra, que ninguém respeita, a não ser os afortunados em singulares arbitrariedades, roubos, alcances e escabrosos subornos, sem olhar aos direitos humanos e à honra e dignidade de um povo trabalhador, submisso e respeitador da lei e da ordem e por isso mesmo deploravelmente enganado por quem os governou e governa escondendo-se por detrás de conceitos errados e prevaricadores da própria Lei Orgnica de um País, que é a sua Constituição Política. Estamos em guerra sem um Exército que nos defenda, sem uma Polícia que nos acuda, sem juízes que nos façam justiça, numa paz enganadora, inexistente, inócua, que em tempo algum da nossa história colectiva teve paralelo ou justificação. Estamos numa guerra que nos vai levar à destruição, mesmo sem balas, mas com as armas voltadas contra as nossas consciências e contra as nossas almas. Estamos em guerra, até que acordemos desta letargia em que nos encontramos, tal qual como nos encontrávamos antes do 25 de Abril de 1974. Estamos numa guerra que não provocámos, numa guerra de capitalistas contra as classes médias deste País, numa guerra que esgotará todas as nossas forças até à exaustão e até que finalmente acordemos para lhe pôr fim...
José de Viseu