A motivar o ‘rally’ do trigo está a crise na produção russa do cereal, que deverá cair em cerca de um terço.
O trigo para entrega em Dezembro segue hoje a subir 2,7% para 7,76
dólares por alqueire em Chicago, o valor mais elevado desde Setembro de
2008, depois do Ministério da Agricultura russo ter avisado ontem que a
produção nacional de cereais vai sofrer uma forte queda devido à seca
que assola o país, a maior em pelo menos 50 anos. Com esta subida, os
preços acumulam ganhos de 50% desde Julho, a maior subida desde 1973.
Em apenas dois dias, o preço do trigo acumula ganhos de 9,4%.
Os compradores do trigo estão "em choque", afirma o australiano CBH Group, à Bloomberg.
Existe "um pouco de pnico", sublinhou, por sua vez, Micael Pitts, do nacional Austrália bank,
Segundo o Governo russo, a colheita nacional de cereais, a quarta
maior do mundo a seguir à China, Índia e EUA, poderá cair para as 65
milhões de toneladas em 2010, abaixo do consumo anual doméstico de 75
milhões de toneladas.
O ministério da Agricultura adiantou no entanto que, se forem
incluídas as reservas do país, a Rússia terá um excedente exportável de
cinco milhões de toneladas, um valor muito inferior aos 21,5 milhões de
toneladas que foram exportadas nos 12 meses que terminaram a 30 de
Junho.
O vice-CEO da International Grain Com, Nikolai Demyanov, apelou a
Moscovo para que imponha uma proibição imediata das exportações do país,
sendo provável que os números do governo sejam demasiado optimistas.
O vice-ministro da Agricultura, Alexander Belayev, afirmou no entanto
que o executivo de Putin não tenciona ainda limitar as exportações por
causa da seca, uma vez que o país tem acordos que obrigariam a uma
coordenação de tal medida com o Cazaquistão e a Bielorrússia. Belayev
considerou a proposta de Demyanov como sendo "bastante sensível", e
sublinhou que os mercados sabem que "numa situação em que os preços
domésticos estão a aumentar imprevisivelmente, as exportações poderão
ser suspensas devido à incerteza do mercado e incumprimentos de entregas
em larga escala".
"O mercado de trigo está a correr puramente baseado em medo.
Precisamos de esclarecer a seriedade da situação dos fornecimentos",
disse Jonathan Barratt, director da Commodity Broking Services.
http://economico.sapo.pt/noticias/trigo-bate-maximos-de-23-meses_96291.html