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HISTORIA: AS GUERRAS CIVIS
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De: vylma (Mensaje original) |
Enviado: 05/08/2009 00:41 |
As Guerras Civis
As "Guerras
Civis" representam o processo de transição política pela qual passou a
Roma antiga, no último século do regime republicano. Nesse período a
luta de classe tornou-se mais acirrada e complexa, pois a organização
sócio-econômica havia se tornado mais complexa.
As Transformações Estruturais
As conquistas realizadas pelos romanos durante mais de trezentos anos
mudou completamente a feição da sociedade e a organização da produção
da cidade. A cidade deixou de ser apenas uma cidade para passar a ter o
controle sobre vastas extensões de terra, envolvendo praticamente todo
o norte da África, a região da Palestina, todo o sul da Europa e a
região que corresponde hoje à França.
As guerras responsáveis por essas grandes conquistas também foram
responsáveis pela formação do modo de produção escravista, ou seja,
pela formação de uma nova camada social - escravos - que torna-se
determinante para a produção da riqueza social. O trabalho escravo
desenvolveu-se rapidamente, pois havia escravos em abundncia e seu
preço era baixo, principalmente nas atividades rurais, mas também nas
cidades, provocando a marginalização da plebe.
A plebe marginalizada tendeu a migrar em massa para as cidades,
especialmente Roma, onde aglomerava-se constituindo uma grande massa
pauperizada e que eventualmente se rebelava contra tal situação. A
possibilidade de uma revolução plebéia fez com que a elite senatorial
passasse a distribuir "pão" e a promover o "circo", ou seja, garantir o
abastecimento mínimo e dar diversão à plebe, com o objetivo de alienar
uma parcela dessa camada, evitando uma explosão social.
O desenvolvimento do comércio pelo Mar Mediterrneo foi responsável
pelo enriquecimento dos Homens novos ( também chamados cavaleiros ),
formaram uma nova camada social, com interesses peculiares,
principalmente por que eram oriundos da plebe e apesar de enriquecidos,
continuavam marginalizados politicamente.
Há que se considerar ainda a formação do exército enquanto instituição,
comandado por homens de origem patrícia, que aparentemente passaram a
viver do próprio exército; porém, apesar das peculiaridades da vida
militar, o exército foi responsável pela conquista de terra e de
escravos, ou seja, dos elementos produtivos fundamentais para a
sociedade romana, preservando a estrutura tradicional de produção,
baseada no escravismo.
A Crise
O confronto de interesses envolvendo esses grupos sociais tornou-se
muito intenso no último século do período republicano. Até então
podemos considerar o Senado como o centro das decisões do Estado
romano, apesar das disputas internas, da corrupção e outros problemas.
A crise pode ser percebida a partir do momento em que a vida política
passa a ser determinada pela radicalização das propostas
sócio-econômicas, na medida em que cada classe ou facção de classe
passa a utilizar-se de armas variadas na disputa pelo poder. Nesse
período as discussões e votações no Senado passam para um campo
secundário, substituídas em importncia pelas conspirações,
assassinatos, golpes e ditaduras. É exatamente essa situação que
passamos a tratar por Guerra Civil, as novas armas na disputa pelo
poder mostram a intensidade da disputa política envolvendo interesses
distintos
A Manutenção do Escravismo
Apesar da existência de interesses específicos, a manutenção do
trabalho escravo e consequentemente da situação de marginalidade da
plebe, eram pressupostos básicos tanto para os tradicionais patrícios,
assim como para os homens novos e militares, no entanto interesses
específicos em relação à organização econômica e a participação
política determinaram as disputas internas a essas camadas elitizadas.
Os patrícios pretendiam manter os privilégios tradicionais, eram os
únicos com direitos políticos plenos, e conseguiam dessa forma manter o
controle sobre o Estado assegurando a continuidade do escravismo, da
estrutura fundiária, e das leis que beneficiavam a agricultura. Dessa
maneira utilizaram-se de todos os métodos ilícitos disponíveis para
preservar seus privilégios, sendo que os maiores exemplos foram as
perseguições aos representantes da plebe, que defendiam a reforma
agrária, Tibério Gracco e anos depois Caio Gracco, ambos assassinados
junto com seus partidários, fruto das violentas perseguições
organizadas pela elite senatorial.
Das leis elaboradas por Caio Gracco e aprovadas, a única que permaneceu
foi a Lei Frumentária, segundo a qual o Estado era obrigado a vender
trigo à população urbana por preço inferior ao de mercado.
Os homens novos, enriquecidos com o comércio, pretendiam maior
participação na vida política romana, como a ocupação de cargos no
Senado, com o objetivo de assegurar melhores condições para as práticas
comerciais, que na verdade envolviam não só elementos financeiros, mas
militares e relacionados a administração das províncias. Apesar de
ricos, os mercadores formavam um grupo pequeno e por isso procurou
apoiar-se na plebe e nos militares para atingir seus objetivos,
apoiaram as reformas de caio Gracco e posteriormente envolveram-se nas
disputas militares, sempre procurando enfraquecer o poder da elite
patrícia.
Os militares formavam uma categoria especial, não havia nesse grupo um
interesse de classe nítido, tanto a facção que procurou defender os
elementos tradicionais, como a facção que apoiou o Partido democrático,
pretendiam preservar o sistema escravista. As disputas, mesmo intensas,
representam apenas interesses localizados e nenhuma delas pretendia
transformações estruturais, ou seja, as disputas militares demonstram a
importncia do exército na organização política, utilizado ou pelos
patrícios com o objetivo de manter privilégios ou pelos "democráticos"
como forma de conquistarem direitos.
Os Militares no Poder
Tradicionalmente a história atribui grandes feitos à alguns homens, e é
assim também com vários generais romanos. Quando a exaltação ocorre no
período contemporneo fica mais fácil detectarmos o velho vício de
valorizar os "heróis", porém, no passado, muitas vezes passa
despercebido esse processo uma vez que temos informações limitados
sobre o período.
Não é diferente com a história de alguns generais que governaram Roma:
Mário, Sila, Júlio César ou mesmo Otávio. Como chegaram e se mantiveram
no poder? Por vontade própria? Claro que não... nenhum homem faz nada
sozinho. Então por vontade do exército.... eis nosso problema.
Apesar de profissionalizado e importante, não é difícil perceber que na
Roma antiga não havia um, mas vários exércitos. Podemos perceber essa
situação analisando a luta pelo poder entre Mário e Sila, que na
verdade deve ser vista como um confronto entre os grupos populares ( ou
democráticos ) e a elite patrícia tradicional. Como Júlio César chegou
ao poder? Sem dúvida o comando do exército e suas vitórias foram muito
importantes, porém importantes para aumentar seu prestígio junto às
camadas populares, que na verdade apoiaram sua ascensão ao poder. Mesmo
que se considere que havia um processo de manipulação das massas
romanas, estaremos concluindo que ter os plebeus a seu lado era
fundamental para muitos dos generais que chegaram ou ambicionaram o
poder.
A formação do segundo triunvirato por Marco Antonio baseou-se no apoio
popular, assim como a ascensão de Otávio ( após luta com o mesmo Marco
Antonio) pressupôs o apoio da plebe romana, explicando o deslocamento
de toneladas de alimentos do Egito para Roma.
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