Aspiro a um Repouso Absoluto
Aspiro
a um repouso absoluto e a uma noite contínua. Poeta das loucas
voluptuosidades do vinho e do ópio, não tenho outra sede a não ser a de
um licor desconhecido na Terra e que nem mesmo a farmacopeia celeste
poderia proporcionar-me; um licor que não é feito nem de vitalidade,
nem de morte, nem de excitação, nem de nada. Nada saber, nada ensinar,
nada querer, nada sentir, dormir e sempre dormir, tal é actualmente a
minha única aspiração. Aspiração infame e desanimadora, porém sincera.
Charles Baudelaire, in "Projectos de prólogos para «Flores do Mal»"
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