SONETO DE AMOR
Talvez não ser é ser sem que tu sejas, sem que vás cortando o meio-dia como uma flor azul, sem que caminhes mais tarde pela névoa e os ladrilhos,
sem essa luz que levas na mão que talvez outros não verão dourada, que talvez ninguém soube que crescia como a origem rubra da rosa,
sem que sejas, enfim, sem que viesses brusca, incitante, conhecer minha vida, aragem de roseira, trigo do vento,
e desde então sou porque tu é, e desde então é, sou e somos e por amor serei, serás, seremos.
Pablo Nerruda
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