DO VERMELHO AO NEGRO...
Carmo Vasconcelos
Do vermelho ao negro quão frágil é a ponte
Como a passada em falso à beira do abismo
Muda o guião da vida e um novo horizonte
Cobre de negro a rubra opereta de lirismo
***
A Opereta
No palco ... o rubro e o negro em exibição!
A opereta canta um trágico d’amantes
Levados ao rubro nas chamas da paixão
Logo extintas em negras cinzas fumegantes
Nas alternadas cores d’amor e traição
Sucedem-se os actos... consternação geral!
Surge o ciúme negro dum traído coração
Em sangrenta vingança pla amante desleal
Tomba o intruso às mãos do negro vingador
Rubra a traidora jaz ao lado do amado
Põe termo à vida o assassino em negra dor
Num adeus d’alma ao rubro sonho idealizado
Manchado de sangue cai o pano ondulante
No final negro desta opereta delirante!
***
Tal qual esta peça se fez breu de repente
Do vermelho ao negro a ponte é um passo...
Alterna num ápice a cor do fado-gente
Não fora a vida um salto escuro neste Espaço...
Carmo Vasconcelos