DIVINO MANTO
Carmo Vasconcelos
Por que, Deus meu, só agora baixaste
Sobre os meus ombros o manto prateado
De zibelina e estrelas salpicado?...
- Divina graça com que me afagaste!
Se é tanta a luz que dele se desprende
Que a minha alma aos fúlgidos da prata
Se queda muda a parecer-Te ingrata
Em êxtase plo brilho que rescende
Perdoa, Pai, se o coração habituado
Ao frio e desamor, tão machucado
Nem sabe agora como agradecer-Te...
De assombrado, só consegue dizer-Te
Em lágrimas, misto de espanto e prece
- Graças, Senhor, plo manto que me aquece!