TERRA DE NINGUÉM
Carmo Vasconcelos
Existe algures um espaço mudo
Um vale de silêncio sufocante
Onde, aquém do sonho, o sentir amante
Se contorce como em traje de entrudo
Terreno de despejo de ilusões
Passeio de fantasmas do passado
Leito do Ego insone e amarfanhado
Tremente como sismo em convulsões
Solo morto assombrado de lembranças
Onde em rompante se instalou a seca
E só a memória, por tão viva, peca...
Foi-se a chuva, cascata de bonanças
E as sementes prenhes de querer-bem
Abortaram na terra de ninguém!