O bebê humano vem ao mundo num estado de total dependência, tanto física quanto emocional, de seus pais (pessoas que desempenham as funções materna e paterna, não necessariamente os pais biológicos). Com eles, estabelece uma relação afetiva que permite o desenvolvimento da personalidade, moldando a organização do sistema nervoso.
Para que uma semente germine, cresça e se torne uma bela árvore, é necessário que tenha sido plantada em solo fértil, e que receba a quantidade de água e de luz solar adequadas. Da mesma forma, o amor dos pais dá condições para que a criança se desenvolva. Os pais devem representar a base segura a que a criança recorre para continuar crescendo, o espelho em que vê refletidas e valorizadas as suas conquistas, o modelo de conduta em que se inspira para formar o caráter, o limite que a organiza, canalizando seus impulsos de forma positiva, e o reduto de amor incondicional que permite o surgimento de uma pessoa singular, mesmo se esta singularidade for em tudo diferente da maneira de ser dos pais. Pais que não atendem suficientemente as necessidades emocionais básicas da criança (segurança, reconhecimento, exemplo, limites, respeito à singularidade), principalmente nos primeiros quatro anos de vida, comprometem seriamente o desenvolvimento dos filhos. O afastamento dos pais neste período, por exemplo, está relacionado ao adoecimento físico (desde manifestações alérgicas, digestivas ou respiratórias simples até a morte), à interrupção no crescimento, e ao surgimento (nas separações menos duradouras) de quadros ansiosos e depressivos ao longo da vida. Mesmo situações aparentemente menos dramáticas de falhas no atendimento às necessidades emocionais podem gerar diversos problemas futuros: adultos incapazes de estabelecer relações mais profundas, com sensações crônicas de tédio e vazio ou comportamentos compulsivos (consumismo, problemas alimentares, etc.).
A relação da criança com seus pais é exclusiva, específica e insubstituível. A criança pequena tem uma capacidade extremamente reduzida de suportar a ausência física dos pais. Quando o afastamento supera esta capacidade, gera-se um trauma, que poderá marcar definitivamente a personalidade, nesta fase ainda em formação. Uma breve viagem dos pais no fim de semana, deixando a criança com os avós ou com a babá habitual, embora aparentemente inofensiva, pode ser suficiente para provocar tal problema. Todos estes fatos suscitam algumas questões concretas. Assim, numa sociedade em que há maior liberdade de escolha, não ter filhos deve ser uma opção válida para casais que não se dispõem às mudanças de vida que o cuidado de uma criança torna necessárias. Também fica evidente que os pais não deveriam se afastar de seus filhos pequenos por períodos longos (não mais que um dia). Recursos como babás ou creches devem ser utilizados como auxiliares, e não como substitutos.
A hora de dizer não!
Nem sempre é fácil lidar com os escndalos protagonizados pelas crianças, mas os especialistas garantem: pais que sabem dizer não e sustentam essa posição têm mais chances de ajudar os filhos a lidar com as frustrações e ter uma vida mais feliz.
Tudo começa com um chorinho quando o bebê não consegue satisfazer seus desejos – subir na mesa, pegar o controle remoto, não devolver o brinquedo do irmãzinho. Mas o primeiro mandamento para lidar com a birra infantil é não se desesperar. Gritar e perder o controle só reforça esse tipo de comportamento da criança, que entende a sua reação como parecida com a dela. Quando o pequeno percebe que conseguiu tirá-la do controle e chamou a sua atenção, desconfia que você acabará cedendo, especialmente se estiverem em público. E, aí, salve-se quem puder.
A teima faz parte do comportamento infantil, como uma tentativa de a criança demonstrar certa independência e expressar suas vontades. E aparece por volta de 1 ano e meio de idade.
Quando a criança tenta conseguir o que quer através de showzinhos, a dica é dar um pouco de atenção, sem estender a bronca por horas. Você pode dizer que esse “não” é o jeito de conseguir o que ela quer e por causa disso não vai ter mesmo. E não fique assistindo ao espetáculo, a menos que a criança esteja se debatendo e corra o risco de se machucar.
Nesses casos, aconselho a abraçá-la e ir conversando até ela se acalmar. Se o incidente ocorreu numa festa de aniversário, por exemplo, assim que cessar, volte para casa. Depois de um escndalo como esse, a criança não pode ser recompensada com diversão. Segundo Vera Iaconelli, psicanalista e coordenadora do Gerar – Instituto de Psicologia Perinantal, se o ataque for muito intenso e você estiver no shopping ou no parque, vale levá-la até o carro para se acalmar e, se for o caso, nem retornar. O problema é acabar com o programa dos irmãos ou da família toda. O ideal é tirá-la do local e mostrar que a birra não levará a nada, que você não mudará de ideia. “Quando os pais aprendem a lidar com o filho, as birras diminuem. Depois de uma ou duas vezes, ele aprende que a teimosia não adianta e para de insistir. Se isso não acontece, é porque a criança descobriu que fazer cena funciona e ela sempre ganha a parada”, diz Vera. A maneira de lidar com esses conflitos é decisiva. “Os pais precisam ser firmes, mesmo que o filho chore e fique com raiva deles. Se cedem a cada vez que ele fica desapontado, acabam criando uma pessoa que não suporta a frustração, tem dificuldades de relacionamento e fica malvista pelos amigos, que muitas vezes se afastam”, alerta Anne Lise.
O que me diz sobre umas palmadinhas
Agora concluindo que tipo de familia você quer ser essa: que é distante e sem harmonia: