Paulo
Leminski Filho (24/08/1944 – 07/06/1989), poeta, prosista, escritor,
letrista, músico, tradutor, ex-hippie, professor de História e Redação
e professor de judô, (ufa!) era filho de Paulo Leminski e Áurea Pereira
Mendes, e é um dos mais originais e criativos poetas brasileiros. Tinha
um estilo próprio de escrever, com poesias breves e sucintas, algumas
são trocadilhos. Também publicou haicais (forma de poesia japonesa
composta de três versos, com cinco, sete e cinco sílabas).
amar é um elo
entre o azul
e o amarelo
Sempre
ligado, de alguma forma, à arte, casou-se aos dezessete anos com Neiva
Maria de Sousa, artista plástica e desenhista. O casamento durou seis
anos, sem filhos. No mesmo ano em que se separou, começou a namorar
Alice Ruiz, poetisa com quem viveu vinte anos e incentivou a escrever.
Os dois, inclusive, moraram um ano com a ex-esposa de Leminski e o
namorado dela. Tiveram três filhos: Miguel ngelo, Áurea e Estrela.
Separaram-se em 1987.
ERRA UMA VEZ
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
Publicou
textos em revistas e também trabalhou como redator publicitário e
diretor de criação. E deu aulas em cursinhos pré-vestibulares.
sossegue coração
ainda não é agora
a confusão prossegue
sonhos afora
calma calma
logo mais a gente goza
perto do osso
a carne é mais gostosa
Além de poeta e escritor, Leminski também compunha. Sua música Verdura foi gravada por Caetano Veloso, em 1981, no disco Outras Palavras e fez parcerias musicais com Moraes Moreira, Zeca Barreto, Fred Góes, Arnaldo Antunes, Ivo Rodrigues e outros.
Traduziu alguns livros, como o Um Atrapalho no Trabalho, de John Lennon e Pergunte ao Pó, de John Fante e publicou algumas biografias, como Cruz e Souza; Leon Trotski: a Paixão Segundo a Revolução; e Matsuó Bashô
(escritor e poeta japonês, que codificou o haicai japonês, estilo de
escrita de Leminski). Também publicou dois livros infanto-juvenis: Guerra Dentro da Gente e A Lua Foi ao Cinema.
Amor, então,
também, acaba?
Não, que eu saiba.
O que eu sei
é que se transforma
numa matéria-prima
que a vida se encarrega
de transformar em raiva.
Ou em rima.
Paulo
Leminski Filho morreu de forma inesperada aos 45 anos, em conseqüência
do alcoolismo. Viveu nos últimos meses de vida com Berenice Mendes,
cineasta. Em sua homenagem foi criado a Pedreira Paulo Leminski, onde tem um palco ao ar livre e o Espaço Cultural Paulo Leminski, no Parque das Pedreiras, em Curitiba. O espaço reúne fotos, obras expostas e histórias do poeta.