QUE AMOR É ESTE?...
Carmo Vasconcelos
Que amor é este meu que não se abala
Com interregnos, fugas e pendências?
Que embora solitário nas ausências,
Nada o faz soçobrar, nem o avassala?
Estranho sortilégio que me amarra
E bastas vezes dói, como um castigo;
Fado fatal do qual não me desligo
Como fadista escrava da guitarra!
Também ela lhe dá canto ou lamento,
Dor pungente ou alegria em desgarrada,
E cala ou desafina se em tormento...
E a fadista, sem ela, perde a garra,
E os seus trinados soam sem alento,
Mas ainda assim... bendiz fado e guitarra!
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