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PSICOLOGIA: "O que há em mim é sobretudo cansaço"
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De: NATY-NATY  (Mensaje original) Enviado: 01/11/2009 18:25

Análise do poema
"O que há em mim é sobretudo cansaço"

O poema que vamos analisar de seguida insere-se na 3ª Fase da poesia de Álvaro de Campos - a fase do pessimismo, da abulia, do tédio e da angústia existencial. O tema do poema é, portanto, o cansaço do sujeito poético face à vida, face à realidade em que vive.

O poema pode ser dividido em quatro partes lógicas (correspondentes às quatro estrofes). Na primeira estrofe (primeira parte lógica), o sujeito poético refere que se sente cansado com o que o rodeia. A causa do seu cansaço não é isto ou aquilo, nem ter feito tudo ou não ter feito nada, ele sente-se simplesmente cansado, no sentido literal. Contrariamente ao que referiu na primeira parte do poema, na segunda estrofe (segunda parte lógica do poema), o “eu” indica as razões do seu cansaço: "A subtileza das sensações inúteis, /As paixões violentas por coisa nenhuma, /Os amores intensos por o suposto alguém. /Essas coisas todas - /Essas e o que faz falta nelas eternamente -; /Tudo isso faz um cansaço, /Este cansaço, /Cansaço." (vv.6 a 13). O poeta refere coisas que todos desejam (sensações, paixões e amor) para mostrar que nem tudo aquilo que ambicionamos tem sentido.

Na terceira parte do poema, o sujeito poético compara-se a aqueles que não sentem tédio face à vida. O poeta ironiza mesmo com os que aspiram a coisas que, para o “eu”, são impossíveis. “Há sem dúvida quem ame o infinito, / Há sem dúvida quem deseje o impossível, /Há sem dúvida quem não queira nada” (vv. 14 a 16) – os que amam o infinito são aqueles que acreditam na filosofia e na religião, os que desejam o impossível são os ambiciosos e os que não querem nada são os pessimistas e os humildes. O poeta não se revê em nenhum destes ideais (“e eu nenhum deles” (v.17), achando-os mesmo incorrectos. Os versos “Porque eu amo infinitamente o finito, / Porque eu desejo impossivelmente o possível, / Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, / Ou até se não puder ser...” (vv.18 a 21) mostram que o poeta se demarca dos idealistas e que ambiciona não apenas o sonho (o infinito e o impossível), mas também o finito e o possível. A quarta estrofe do poema funciona como uma espécie de conclusão. Para as outras pessoas (os que amam o infinito, os que desejam o impossível e os que nada querem) há algo que as faz viver e sonhar de forma equilibrada (“a média entre tudo e nada”). Para o sujeito é bem diferente pois o facto de não ser compreendido e de não atingir os seus desejos traduz-se num “supremíssimo cansaço/ Íssimo, íssimo, íssimo, / Cansaço...” (vv.28 a 30). O poeta sente, com felicidade, um infecundo cansaço, pois encontra uma razão para tal fraqueza – a incapacidade das realizações.

O poema apresenta um ritmo lento, ausência de rima (verso livre), irregularidade de versos por estrofe e aliteração em “s” (“Essas coisas todas” (v.9)). 

As figuras de estilo presentes são a repetição (utilização frequente do substantivo “cansaço” para transmitir também esse sentimento ao leitor), a anáfora (“Há sem dúvida quem (…) / Há sem dúvida quem (…) / Há sem dúvida quem (…)” (vv.14 a 16)); “Porque (…) / Porque (…) / Porque” (…) (vv.18 a 20) e “Para eles (…) / Para eles (…) / Para eles” (vv.23 a 25)), a hipérbole (utilização do grau superlativo absoluto sintético para marcar o exagero) e a antítese (“infinitamente o finito” (v.18); “impossivelmente o possível” (v.19); “média entre tudo e nada” (v.25) – podem mesmo ser considerados oxímoros). É de referir a presença de verbos no presente do indicativo (“amo” (v.18); “desejo” (v.19)) e no presente do conjuntivo (“ame” (v.14), “deseje” (v.15)) e o predomínio de orações coordenadas (ex: “Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, / Ou até se não puder ser… (vv.21 e 22)). O poeta refere-se a si próprio e aos “outros” sendo por isso utilizados deícticos pessoais de primeira pessoa (“mim” (v.1), “eu amo” (v.18), “eu desejo” (v.19), “quero” (v.20) e “mim” (v.26)) e de terceira pessoa (“deles” (v.17), “eles” (vv.23, 24 e 25)). Neste poema o substantivo é muito valorizado e alguns dos articuladores discursivos presentes são “Nem” (relação de adição), “Porque” (causa) e “Para” (fim). Note-se também a presença da interjeição de alegria “ah” (v.27).

Os traços característicos da poesia de Álvaro de Campos presentes, além de alguns dos já referidos, são a utilização de uma linguagem corrente, a aproximação à linguagem oral, a ausência de rima, a fulcralidade do tema da angústia existencial, do tédio e da náusea bem como o recurso a inúmeras figuras de estilo. O poema é ainda dominado por uma forte melancolia.

O nosso grupo pensa que o fracasso é realmente angustiante e, ainda mais, quando se trata no fracasso de coisas que idealizámos. E, realmente, quando sentimos que nada do que desejamos se concretiza, percebemos que a vida não é assim tão bela, que nos pode “cansar”. Esse cansaço pode elevar-se a outro patamar, pode mesmo levar-nos à loucura, à náusea, a uma tristeza extrema e a pensarmos que não temos capacidade para encarar a vida e que não nos conseguimos adaptar a ela. Contudo, por mais que nos sintamos angustiados, não devemos desistir de nada, nem nos afastarmos de tudo e de todos, recolhendo-nos apenas ao nosso mundo interior.

 

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