Perturbações das raízes nervosas
As raízes nervosas têm origem na medula espinhal e são estruturas que recebem e emitem os impulsos de quase todo o corpo. Essas raízes nervosas saem da medula espinhal através dos orifícios intervertebrais e cada uma delas leva a informação ou a sensibilidade para uma área particular do organismo. (Ver secção 6, capítulo 70) As raízes nervosas estão organizadas aos pares: os nervos motores, que saem da face anterior da medula espinhal e estimulam os músculos, e os nervos sensitivos, que saem da face posterior da medula espinhal e levam a informação das sensibilidades ao cérebro.
Causas
Uma das causas mais frequentes de lesões das raízes nervosas é uma hérnia do disco intervertebral. (Ver secção 6, capítulo 67) As raízes nervosas podem sofrer lesões como consequência do esmagamento (colapso) de uma vértebra que se costuma verificar quando os ossos se debilitam devido ao cancro, à osteoporose ou a uma lesão grave. Outra das causas frequentes é a artrose (afecção articular de natureza degenerativa), uma perturbação que produz crescimentos irregulares do osso (excrescências ou osteófitos) que comprimem as raízes nervosas. Como consequência disso, as pessoas de idade avançada podem apresentar um estreitamento do canal vertebral que reduz o espaço disponível para a medula espinhal (estenose vertebral). Embora com menor frequência, os tumores medulares ou certas infecções (como a meningite ou o herpes zóster) podem também afectar as raízes nervosas.
Sintomas
Uma lesão de uma vértebra ou dos discos intervertebrais costuma comprimir as raízes nervosas. A pressão provoca a dor, que geralmente piora quando a pessoa move as costas e pode aumentar com algumas manobras como a tosse, os espirros ou o esforço (por exemplo, ao defecar). Se as raízes lombares (parte baixa das costas) são comprimidas, a dor pode verificar-se só na zona lombar ou então pode deslocar-se através do nervo ciático até às nádegas, à coxa, à barriga da perna e aos pés. Esta dor é conhecida como ciática.
Se a compressão for grave, os nervos não podem transmitir nem receber sinais para ou dos músculos inervados, e com o tempo produzir-se-ão debilidade e perturbações sensitivas. Por vezes altera-se a capacidade de urinar e o controlo das dejecções. Quando as raízes do pescoço são afectadas, a dor pode chegar ao ombro, ao braço, à mão ou à nuca.
Diagnóstico
Deve pensar-se na possibilidade de uma lesão das raízes quando a pessoa sofre de dor, de perda de sensibilidade ou de debilidade num segmento específico do corpo inervado por uma só raiz nervosa. O médico pode deduzir qual é a raiz afectada conforme o nível de dor ou de insensibilidade.
Durante o exame objectivo o médico toma nota de qualquer dor que o afectado sinta na área da coluna vertebral. As radiografias podem mostrar se as vértebras sofreram adelgaçamento, lesões ou se estão mal alinhadas. A tomografia axial computadorizada (TAC) ou a ressonncia magnética (RM) definem com mais pormenor o que se passa dentro e fora da medula espinhal. Se não se dispuser de RM, pode efectuar-se uma mielografia para delimitar as anomalias. Podem ser necessárias outras provas complementares, especialmente as que medem a actividade eléctrica nos nervos e nos músculos.
Tratamento
O tratamento das perturbações das raízes nervosas depende da causa e da gravidade das mesmas. Quando se trata de um colapso de uma vértebra como consequência da osteoporose, pode fazer-se bem pouco, excepto apertar as costas com um colete para limitar o movimento. Por outro lado, quando a causa se deva a uma hérnia do disco intervertebral, dispõe-se de um tratamento específico. As infecções tratam-se imediatamente com antibióticos e, em caso de abcesso, é habitual que se proceda à drenagem imediata. Para os tumores medulares estão indicadas a cirurgia, a radioterapia ou ambas.
Os analgésicos são úteis para controlar a dor. Utilizam-se também os relaxantes musculares, embora não se tenha demonstrado a sua eficácia. Os seus efeitos secundários podem superar os benefícios, especialmente nas pessoas de idade avançada.
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