Arte do Emirato e do Califado
Do ponto de vista artístico, o Emirato de Córdova empregou um estilo que não difere em demasia do restante do Califado Omíada. Ou seja, a adequação de fórmulas e elementos das culturas que os precederam, neste caso do mundo romano e visigodo. Em nenhum momento se produziu uma repetição literal de motivos e formas; ao contrário, a sua incorporação e assimilação traduziu-se numa verdadeira eclosão criadora, originando-se o momento fundamental da arte do Califado. Em ele fundiram-se elementos da tradição local hispano-romano-visigótica com os elementos orientais, tanto bizantinos, quanto omíadas ou abássidas.
Os edifícios artísticos centram-se, desde o primeiro momento, em torno à sua capital, Córdova, na que se construiu uma mesquita congregacional destinada a se tornar no monumento mais importante do ocidente islmico. Destacam-se, entre outras, as obras levadas a cabo durante o reinado de Abderramão II, corte que acolheu numerosos artistas, modas e costumes orientais; impulsionou, entre outras, as construções do Alcázar de Mérida bem como a do minarete da igreja de São João em Córdova, e mandou melhorar as suas muralhas e as de Sevilha. O califa Abderramão III, seguindo a tradição oriental, (segundo a qual cada monarca, como signo de prestígio, devia possuir a sua própria residência palaciana), decidiu fundar a cidade áulica de Medina Azahara (Medina al-Zahra).
No restante do território peninsular também ocorreu um florescimento artístico impulsionado pelo califado. Entre os de caráter religioso figuram as mesquitas, madraçais e mausoléus. Na cidade de Toledo ainda se percebem vestígios da sua fortificação, bem como da sua alcáçova, medina, arrabais e ambiente. De entre elas destaca-se a pequena mesquita do Cristo da Luz ou de Bab al-Mardum. E obras tão significativas quanto a rábida de Guardamar del Segura (Alicante), o Castelo de Gormaz (Sória) ou a Ciudad de Vascos (Toledo).
O refinamento imperante na corte propiciou a criação de todo tipo de objetos decorativos que, sob o patrocínio real, traduziram-se nas mais variadas expressões artísticas. Menção especial merecem os trabalhos em marfim, entre os que se encontram todo tipo de objetos de uso cotidiano minuciosamente talhados: botes e arquetas destinadas a guardar joias, unguentos e perfumes; almofarizes, caçoletas, ataifores, jarras e bacias de cermica vidrada etc. No Museu Arqueológico Nacional de Espanha, pode ser contemplado o bote de Zamora destinado à mulher de al-Hakam II ou a arqueta do Mosteiro de Leyre, no Museu de Navarra, como amostra disso.
Os monarcas, igual do que em Bagdade e Cairo, criaram a sua própria fábrica de tecidos ou faixas, o que ocasiona princípio da história da produção de tecidos em seda bordada no Al-Andalus. Os motivos vegetais e figurativos geometrizados inscrevem-se em medalhões que formam faixas tal qual aparecem no véu de Hisham II que, a modo de turbante, lhe cobria a cabeça e pendurava até os braços.
Assim mesmo existiam os talheres nos quais se trabalhava o bronze, talhado com figuras que representavam leões e cervos com o corpo coberto de círculos tangentes evocando tecidos e que se utilizavam como surtidores nas fontes. Seu paralelismo formal e estilístico com peças dos Fatímidas conduziu à controvérsia a respeito da legitimidade de algumas destas peças.
A cermica conta com tipos de produção conhecida como "verde e manganês". Sua decoração a base de motivos epigráficos, geométricos e uma destacada presença de motivos figurativos conseguem-se mediante a aplicação do óxido de cobre (verde) e óxido de manganês (rojo).