Arte taifa
A destruição da unidade política levou a abolição do califado cordovês em 1031 e à criação de um mosaico de reinos independentes que foram denominados taifas (de tawaifs, partidos, facções). As rivalidades entre eles, reivindicando a herança do prestígio e da autoridade do Califado, constituíram a tônica dominante do período. Esta situação traduziu-se no terreno artístico na emulação de modelos cordoveses.
Neste contexto insere-se a arquitetura palatina patrocinada por cada um dos monarcas. Um dos melhores testemunhos é, sem dúvida, La Aljafería de Saragoça, aparentada tipologicamente com o palácio omíada de Msatta (Jordnia). Conta com organização tripartita onde cada um dos setores era dedicado a funções diferenciadas. O setor central, de uso protocolar, é dominado por um pátio retangular cujos lados menores eram ocupados por albercas, pórticos e estncias alongadas demarcadas nos extremos por alcobas. Este esquema deriva, sem dúvida, dos modelos palatinos cordoveses. A esta mesma tradição responde o repertório de arcos despregado no edifício, entre os que encontramos desde arcos lobulados, mistilíneos, de ferradura semicircular e apontada, a complexas organizações de arcos entrecruzados, superpostos e contrapostos. Todos eles estão realizados com materiais pobres, mas revestidos de gessarias com motivos vegetais, geométricos e epigráficos, buscando um efeito de fastuosidade e aparente riqueza.
As velhas alcáçovas dos diferentes reinos também sofreram importantes remodelações. Na de Málaga acrescentou-se um duplo recinto murado com torres quadradas e um palácio com que correspondem os vestígios dos chamados Quartos de Granada. A velha alcáçova de Granada, conhecida como qadima (antiga), situada na colina do Albaicín, fortificou-se com torres quadradas e redondas e acrescentaram-lhe algumas portas em cotovelo, como a porta Monaita e a porta Nova. Assim mesmo, a cidade conserva uns banhos conhecidos como o Bañuelo, organizados em três estncia das quais a central ou temperada adquire, por razões de uso, umas maiores dimensões. Banhos muito similares conservam-se em Toledo, Baza e Palma de Maiorca. A alcáçova de Almeria foi fortificada com muros de taipal, construindo-se no seu interior um palácio, al-Sumadihiyya, rodeado de jardins. Nos casos de Toledo e Taifa de Sevilha, reinos que pujaram mais fortemente pela herança cordovesa, conservam-se deslumbrantes testemunhos das crônicas árabes acerca dos seus palácios, bem como escassos fragmentos geralmente descontextualizados.
Assim como a arquitetura, as artes suntuárias seguiram a tradição cordovesa embora o protagonismo fosse adquirido por outros centros. Assim a produção de marfim foi transladada para a oficina de Cuenca, enquanto o prestígio nos têxteis foi adquirido pela oficina de Almeria. No que se refere a à cermica, foi consolidada uma técnica que aparecera durante o califado, mas que nestes momentos adquiriu um grande desenvolvimento. Trata-se da cermica de "corda seca" cujas peças são decoradas com linhas de óxido de manganês formando diferentes motivos que se recheiam com vidro de diferentes cores.