Diante de inúmeros problemas de saúde pública que poderiam ser contornados com projetos de prevenção adequados, fica evidente a necessidade de investimento em Orientação Sexual. De acordo com uma pesquisa do Instituto DataFolha realizada em dez capitais brasileiras e divulgada em junho de 1993, 86% das pessoas ouvidas são favoráveis à inclusão de Orientação Sexual nos currículos escolares. Apesar disto, somente 32% dos pais conversam sobre sexo com seus filhos e metade deles nunca chegaram a tocar neste assunto. Alguns anos antes, a Editora FTD realizou uma pesquisa enviando carta-resposta comercial para dez mil professores. Das cartas respondidas, 84,3% acham que não tiveram boa educação sexual ou a tiveram mais ou menos, contra 13% que se declararam satisfeitos. Para 42,8%, as pessoas mais procuradas para conversar eram amigos e colegas, sendo que somente 6,2% procuravam os pais ou orientadores da escola. A grande maioria declarou que não era permitido falar de sexo na escola onde estudara.
Diante desta realidade, "Guia de Orientação Sexual - Diretrizes e Metodologia", traduzido e adaptado do original "Guidelines for Comprehensive Sexuality Education", pelo Grupo de Trabalho e Pesquisa em Orientação Sexual, Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS e Centro de Estudos e Comunicação em Sexualidade e Reprodução Humana, conclui que apesar de todos perceberem a sua necessidade, o trabalho de Orientação Sexual ainda é muito incipiente no país, mesmo que já se tenham passado alguns anos desde a realização destas pesquisas. De lá para cá, muito se avançou, principalmente com a conscientização de realidades muito duras, como a disseminação da AIDS, que provocaram uma avalanche de ONGs (Organizações Não-Governamentais) e campanhas na mídia que falavam de sexualidade. Ainda assim, o debate sobre os modelos de prevenção, o papel das escolas, dos governos, da mídia e das famílias continua em pauta. "A discrepncia entre a prática e os desejos da população passam por razões diversas na rede pública e particular. Tem que existir, em primeiro, uma vontade política (por parte dos governantes) de assumir programas desse tipo. Isso implica reconhecer como prioridade investimentos na área da saúde e educação da criança e do adolescente", define o Guia.
|