[editar] Campos de prisioneiros
O Exército Branco e as tropas alemãs capturaram aproximadamente 80.000 prisioneiros vermelhos ao final da guerra em 5 de maio de 1918. Uma vez que o terror branco diminuiu, alguns milhares, incluindo primariamente pequenas crianças e mulheres, foram libertados, restando 74.000-76.000 prisoneiros. Os maiores campos de prisioneiros foram Suomenlinna, uma ilha de frente para Helsinque, Hämeenlinna, Lahti, Viipuri, Ekenäs, Riihimäki e Tampere. O Senado tomou a decisão de manter estes prisioneiros contidos até que a culpa de cada pessoa fosse examinada. Uma lei para um Tribunal de Traição foi decretada em 29 de maio após uma longa disputa entre o Exército Branco e o Senado pelo método de julgamento apropriado a se adotar. O início dos pesados e lentos processos de julgamentos foi adiado até 18 de junho de 1918. O Tribunal não cumpriu todos os padrões de justiça neutra, devido a atmosfera mental da Finlndia Branca após a guerra. Aproximadamente 70.000 vermelhos foram condenados, principalmente por cumplicidade à traição. Entretanto, a maioria das sentenças foram benevolentes, e muitos saíram em liberdade condicional. Ainda assim, 555 pessoas foram sentenciadas à morte, mas somente 113 foram executadas. Os julgamentos revelaram também que algumas pessoas inocentes haviam sido presas.[58]
Combinado a severa escassez de comida, o emprisionamento em massa levou a altas taxas de mortalidade nos campos, e a catástrofe foi composta por uma mentalidade de punição, raiva e indiferença por parte dos vitoriosos. Muitos prisioneiros sentiram que foram abandonados também por seus próprios líderes, que haviam fugido para a Rússia. A condição dos prisioneiros havia enfraquecido rapidamente durante maio, após os abastecimentos de comida terem sido interrompidos durante o recuo dos vermelhos em abril, e um alto número de prisioneiros que já haviam sido capturados durante a primeira metade de abril em Tampere e Helsinque. Como consequência, 2.900 morreram de fome ou faleceram em junho como resultado de doenças causadas por má nutrição e gripe espanhola, 5.000 em julho, 2.200 em agosto e 1.000 em setembro. A taxa de mortalidade foi mais alta no campo de Ekenäs com 34%, enquanto em outros a taxa variou entre 5% e 20%. No total, entre 11.000 e 13.500 finlandeses pereceram. Os mortos foram enterrados em valas comuns perto dos campos.[59] A maior parte dos prisioneiros receberam liberdade condicional ou foram perdoados ao final de 1918 após a mudança na situação política. Havia 6.100 prisioneiros vermelhos restantes no final do ano,[60] 100 em 1921 (na mesma época que os direitos civis foram conferidos novamente a 40.000 prisoneiros) e em 1927, os últimos 50 prisioneiros foram perdoados pelo governo social-democrata liderado por Väinö Tanner. Em 1973, o governo finlandês pagou reparações às 11.600 pessoas emprisionadas nos campos após a guerra civil.[61]
[editar] Conciliação
Assim como o destino dos finlandeses foi decidido fora da Finlndia em Petrogrado em 15 de março de 1917, também foi decidido fora do país novamente em 11 de novembro de 1918, desta vez em Berlim, enquanto a Alemanha desistia da Primeira Guerra Mundial. Os grandes planos do Império Alemão não haviam chegado a lugar nenhum, e a revolução havia se espalhado entre o povo alemão devido a falta de comida, cansaço de guerra, e derrota nas batalhas da Frente Ocidental. Tropas alemãs deixaram Helsinque em 16 de dezembro, e o Príncipe Frederico Carlos, que ainda não havia sido coroado oficialmente, deixou seu posto em 20 de dezembro. O estatuto da Finlndia alterou-se de um protetorado monarquista do Império Alemão para uma república democrática independente no modelo dos países ocidentais. As primeiras eleições locais baseadas no sufrágio universal da história da Finlndia aconteceram entre 17 e 28 de dezembro de 1918, e a primeira eleição parlamentarista após a Guerra Civil em 3 de março de 1919. Os Estados Unidos e o Reino Unido reconheceram a soberania finlandesa em 6 e 7 de maio de 1919.[62]
Após a Guerra Civil, em 1919, um social-democrata moderado, Väinö Voionmaa, escreveu: "Aqueles que ainda confiam no futuro desta nação têm que ter uma fé excepcionalmente forte. Este jovem país independente perdeu quase tudo devido a guerra...." Na mesma época, um não-socialista liberal, o eventual primeiro presidente da Finlndia, K.J. Ståhlberg, eleito em 25 de julho de 1919, escreveu: "É urgente trazer a vida e o desenvolvimento neste país de volta ao caminho que nós já havíamos alcançado em 1906 e ao qual o tumulto da guerra nos fez dar as costas". Ele foi apoiado nesse objetivo por Santeri Alkio, líder da União Agrária, e por conservadores finlandeses moderados, como Lauri Ingman.[63]
Junto de outros políticos moderados de direita e esquerda, a nova parceria construiu uma conciliação finlandesa que eventualmente gerou uma democracia parlamentarista estável e ampla. Esta conciliação foi baseada tanto na derrota da Finlndia Vermelha na Guerra Civil como pelo fato de que a maioria dos objetivos políticos da Finlndia Branca ainda não haviam sido alcançados. Após as forças estrangeiras deixarem a Finlndia, os finlandeses perceberam que eles tinham que se dar bem uns com os outros e que nenhum dos principais grupos poderia ser rejeitado completamente da sociedade. A reconciliação levou a uma unificação nacional lenta e dolorosa, porém calma. A conciliação acabou sendo surpreendentemente forte e aparenta ser permanente. De 1919 a 1991, a democracia e a soberania finlandesa resistiram aos desafios do radicalismo de ambas direita e esquerda, da crise da Segunda Guerra Mundial, e da pressão da União Soviética durante a Guerra Fria.[64]
[editar] Literatura sobre a guerra
O primeiro livro popularmente apreciado na Finlndia sobre a guerra, Hurskas kurjuus (Devota Miséria), foi escrito pelo vencedor do Prêmio Nobel Frans Eemil Sillanpää em 1919. Entre 1959 e 1962, Väinö Linna, em sua trilogia Täällä Pohjantähden alla, descreveu a Guerra Civil e a Segunda Guerra Mundial do ponto de vista das pessoas comuns. Na poesia, Bertel Gripenberg, que havia se voluntariado para o exército branco, celebrou sua causa em A Grande Era (em sueco: Den stora tiden), em 1928. Viljo Kajava, que experimentou os horrores da Batalha de Tampere aos nove anos de idade, apresentou uma visão pacifista da guerra civil em seus Poemas de Tampere 1918 dos anos 1960. Também o romance épico de Kjell Westö Där vi en gång gått lida com a guerra civil finlandesa, seguindo indivíduos e famílias de tanto o lado branco quanto o vermelho, antes, durante e após o período de guerra.
[editar] Bibliografia