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Revolução cubana)
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A Revolucão Cubana é um movimento popular que consistiu na derrubada do governo de Fulgencio Batista pelo movimento de 26 de Julho e o estabelecimento de um novo governo, liderado por Fidel Castro, no início de 1959 durante o período da Guerra Fria.
[editar] Crise do sistema neocolonial
O governo de Washington, preocupado pelos freqüentes transtornos políticos de sua neocolônia, havia desenhado uma política de verdadeira tutela, chamada diplomacia preventiva, que alcançou seu ponto culminante com a designação do general Enoch Crowder para supervisionar e fiscalizar ao governo de Alfredo Zayas (1921-1925), quarto presidente cubano, cuja administração sería cenário de transcendentais movimentos políticos;
O repúdio generalizado à ingerência norte-americana e a corrupção governamental deram lugar a diversas correntes de expressão das reivindicações nacionalistas e democráticas. O movimento estudantil manifestava um forte radicalismo que, estruturado no propósito de uma reforma universitária, extravasaria rapidamente o marco em que havia surgido para assumir francas projeções revolucionárias sobre a direção de Julio Antonio Mella
O movimento operário, cujas raízes se remontavam às décadas finais do século XIX, havia seguido também um curso ascendente – marcado pela greve dos aprendizes em 1902 e a da moeda em 1907 entre as mais importantes -,que mais tarde chegaram a constituir uma verdadeira investida devido a inflação gerada pela I Guerra Mundial.
O avanço ideológico e organizativo do proletariado, na qual se deixavam sentir os ecos da Revolução de Outubro na Rússia, cristalizaria na constituição de uma central operária nacional em 1925.
Coincidentemente, e como expressão da conjunção das correntes políticas mais radicais do movimento, personificadas em Mella e Carlos Baliño, se constituiria em Havana o primeiro Partido Comunista.
Os mal-estares político e social tinham causas muito profundas. A economia cubana havia crescido muito rapidamente durante as primeiras décadas do século, estimulada pela reciprocidade comercial com os Estados Unidos e a favorável conjuntura criada pela recente guerra mundial. Não obstante esse crescimento era extremamente unilateral, baseado de modo quase exclusivo no açúcar e nas relações mercantis com os Estados Unidos.
Por outro lado, os capitais norte-americanos que haviam afluído à Ilha com ritmo ascendente eram os principais beneficiários do crescimento, tendo em vista que controlavam 70% da produção açucareira além de sua infra-estrutura e os negócios paralelos.
O bem-estar econômico derivado deste processo – do qual dão testemunho as luxuosas casas de El Vedado -, além de muito desigualmente distribuído, revelaria uma extraordinária fragilidade. Ele se pôs em manifesto em 1920, quando uma brusca queda no preço do açúcar provocou um crack bancário que despejou com as instituições financeiras cubanas. Pouco depois, quando a produção açucareira do país alcançava os 5 milhões de toneladas, ficou evidente a saturação dos mercados, claro indício de que a economia cubana não podia continuar crescendo sobre a base exclusiva do açúcar. A opção era o estancamento ou a diversificação produtiva, mas essa última alternativa não era possível, pois não era permitido pela monopolização latifundiária da terra e a dependência comercial dos Estados Unidos.
A ascensão de Geraldo Machado à presidência em 1925 representa a alternativa da oligarquia frente à crise latente.
O novo regime, intenta conciliar em seu programa econômico os interesses dos distintos setores da burguesia e o capital norte-americano, oferece garantias de estabilidade às classes médias e novos empregos às classes populares, todo ele combinado com uma seletiva mas feroz repressão contra adversários políticos e movimentos opositores.
Sob uma auréola de eficiência administrativa, o governo conseguiu impor limites às lutas dos partidos tradicionais, assegurando-lhes o desfrute do pressuposto estatal mediante a fórmula do cooperativismo. Com o consenso que obteve, Machado decidiu reformar a constituição para perpetuar-se no poder.
Não obstante os êxitos parciais alcançados durante os primeiros anos de mandato, a ditadura machadista não conseguiu silenciar a dissidência dos políticos excluídos e muito menos conter o movimento popular. Acusados pelos excessos cometidos pelo regime e a rápida deterioração da situação econômica sob os efeitos da crise mundial de 1929 (Grande Depressão), essas forças mostraram crescente beligerncia. Com os estudantes e o proletariado como suportes fundamentais, a oposição a Machado desencadeou uma interminável sucessão de greves, intenções insurrecionais, atentados e sabotagens.
A ditadura respondeu com um aumento da repressão, que chegou a níveis intoleráveis. Em 1933, o cambaleante regime de Machado estava a ponto de dar espaço a uma revolução. Alarmada pela situação cubana, a recém-estreada administração de Franklin D. Roosevelt designou B. Summer Welles embaixador em Havana, com a missão de encontrar uma saída para a crise, dentro dos mecanismos tradicionais de dominação neocolonial. Mas a mediação de Welles se viu ultrapassada pelos acontecimentos: Em 12 de agosto, Machado fugia do país, derrotado por uma greve geral.
O governo provisório que criaram os setores direitistas da oposição, sob os auspícios do embaixador norte-americano sobreviveria apenas um mês. Um levantamento das classes e soldados do exército, junto ao Diretório Estudantil Universitário e outros grupos insurrecionais levou ao poder um governo revolucionário presidido por Ramon Grau San Martín.
Este governo, principalmente pela iniciativa de Antonio Guiteras, secretário de Governo, aprovou e pôs em prática diversas medidas de benefício popular, mas, hostilizado pelos Estados Unidos e pela oposição e vítima em grande medida de suas próprias contradições internas, só pode sustentar-se alguns meses no poder. Fator fundamental na queda desse governo seria o ex sargento Fulgencio Batista – promovido obscuramente do dia para a noite, coronel chefe do exército -, quem exerceu sua influência negativa no processo político.
Os partidos oligárquicos restaurados ao poder, apesar do irrestrito apoio norte-americano expressado na abolição da Emenda Platt, e as medidas de estabilização econômica – principalmente o sistema de cotas açucareiras e um novo tratado de reciprocidade comercial-, mostraram uma franca inaptidão no exercício do governo.
Por esta razão, os destinos do Estado seriam efetivamente regidos por Batista e seus militares. Mas esta forma autoritária se revelou incapaz de oferecer uma saída estável à situação cubana. O que conduziu a uma transação com as forças revolucionárias e democráticas – debilitadas por divisões internas – que seriam plasmadas na Constituição de 1940. Com essa nova Carta Magna, que recolhia importantes reivindicações populares, se abriu um novo período de legalidade institucional.
O primeiro governo desta etapa esteve presidido por Fulgencio Batista, cuja candidatura havia sido respaldada por uma coalizão de forças que participavam os comunistas. Esta aliança, todavia reprimiu importantes conquistas ao movimento operário, não foi compreendida por outros setores populares, e se converteu em fator histórico de divisão entre as forças revolucionárias.
Durante o governo de Batista, a situação econômica experimentou uma melhoria propiciada pela estourada da II Guerra Mundial, conjuntura que beneficiaria ainda mais seu sucessor, Ramón Grau San Martín, que foi eleito em 1944 graças ao amplo respaldo popular que lhe adquiriam as medidas nacionalistas e democráticas ditadas durante o governo anterior. Nem Grau, nem Carlos Prío Socarrás (1948-1952) – ambos líderes do Partido Revolucionário Cubano (autêntico) – foram capazes de aproveitar as favoráveis condições econômicas de seus respectivos mandatos.
As tímidas e escassas medidas reformistas apenas afetaram as estruturas de propriedade agrária e de dependência comercial que bloqueavam o desenvolvimento do país.Aproveitaram-se, em troca, da bonanza econômica que reportava a recuperação açucareira para saquear os fundos públicos em magnitudes sem precedentes.
A corrupção administrativa se complementava com o auspicio de numerosas quadrilhas gngsteres, que os autênticos utilizaram para expulsar os comunistas da direção dos sindicatos em meio a propícia atmosfera da guerra fria. O repúdio à vergonhosa situação imperante foi canalizado pelo movimento cívico político da ortodoxia, cujo carismático líder, Eduardo Chibás, se suicidaria em 1951 em meio de uma fervente polêmica com personagens governamentais.
Todavia, todos prognosticavam o triunfo ortodoxo nas eleições de 1952, as esperanças foram frustradas por um golpe militar.
O descrédito em que a experiência autêntica havia sumido nas fórmulas reformistas e as instituições republicanas, assim como a favorável disposição fazia um governo de “mão dura” por parte dos interesses norte-americanos e alguns setores da burguesia mestiça, favoreceram as ambições de Fulgencio Batista, quem assomado a uma frente militar, tomou o poder em 10 de março de 1952.
[editar] Movimento revolucionário 1953-1958
A inércia e incapacidade dos partidos políticos burgueses para enfrentar o regime batista – ao qual aderiram alguns destes partidos – contrastou com a beligerncia dos setores populares, em especial da jovem geração que recém nascia para a vida política.
Em 1957, Fidel Castro organizou um grupo com cerca de 80 guerrilheiros para combater o governo de Fulgêncio Batista, instalando-se na Sierra Maestra. Os combates com as forças do governo foram intensos e vários combatentes morreram ou foram presos. Mas mesmo assim, eles não desistiram. Fidel Castro e Che Guevara, então, começaram a expandir seus ideais revolucionários, o que resultou no apoio de muitas pessoas.
[editar] Nasce um movimento
De suas fileiras nasceu um movimento de novo tipo, encabeçado por Fidel Alejandro Castro Ruz (Birán, 1926), um jovem advogado, formado pela faculdade de Havana, cujas primeiras atividades políticas haviam se desenvolvido no meio universitário e às filas da ortodoxia.
Preconizando uma nova estratégia de luta armada contra a ditadura, Fidel Castro se pôs à silenciosa e tenaz preparação dessa batalha