Século XX
José Batlle y Ordóñez, presidente nos períodos 1903-1907 e 1911-1915, lançou as bases do Uruguai actual, fazendo grandes reformas políticas, sociais e económicas, como o estabelecimento da intervenção governamental em vários sectores da economia, o lançamento de um sistema de segurança social e a criação de um executivo plural. Algumas destas reformas foram continuadas pelos seus sucessores.
Em 1951, os governantes decidiram substituir o cargo de presidente por um conselho administrativo, como forma de evitar um golpe militar. Quinze anos depois, o mandato presidencial é restituido em um referendo realizado no mesmo dia das eleições gerais, vencidas pelo Partido Colorado.
No final da década de 1950, em parte devido ao decréscimo da procura no mercado mundial por produtos agrícolas, o Uruguai começou a registar problemas económicos, onde se inclui a inflação, desemprego em massa e uma queda abrupta do nível de vida dos trabalhadores uruguaios, o que levou ao aparecimento de protestos estudantis e conflitos laborais.
Os Tupamaros, um movimento de guerrilha urbana, formaram-se no início da década de 1960, inicialmente assaltavam bancos e distribuíam comida e dinheiro nos bairros pobres, posteriormente passaram a atacar as forças de segurança e a executar raptos políticos. Destas acções resultou o embaraço e depois a destabilização do governo.
O Office of Public Safety (OPS) dos Estados Unidos da América começou a operar no Uruguai no ano de 1965. O OPS trouxe à polícia e aos serviços secretos uruguaios novas técnicas de policiamento e interrogatório. O chefe dos serviços secretos policiais, Alejandro Otero, reportou em 1970 a um jornal brasileiro que o OPS, sobretudo o responsável do OPS no Uruguai, Dan Mitrione, instruiu a polícia uruguaia como torturar suspeitos, sobretudo com aparelhos eléctricos.
O presidente Pacheco Areco declarou o estado de emergência em 1968, seguida de uma ainda maior suspensão das liberdades civis em 1972 pelo seu sucessor, o presidente Juan Maria Bordaberry, que colocou o exército a combater as guerrilhas. Depois de derrotarem os Tupamaros, os militares tomaram conta do poder, em 1973, levando o Uruguai a deter, em pouco tempo, a maior taxa per capita de presos políticos do mundo.
Em 1984 estalaram protestos massivos contra a ditadura militar. Após uma greve geral de vinte e quatro horas, iniciaram-se conversações e as forças armadas anunciaram um plano para devolver o poder à sociedade civil. Nas eleições de 1984, o líder Colorado, Julio María Sanguinetti ganhou a presidência do país e cumpriu as suas funções entre 1985 e 1990. O primeiro mandato de Sanguinetti implementou reformas económicas e consolidou a democracia depois dos anos que o país esteve dominado sobre a repressão militar.