[editar] Dinastia Lusignan
Os hetúmidas governaram a Cilícia até ao assassinato de Leão V em 1341. Apesar da aliança com os cristãos do Reino de Chipre, este rei foi incapaz de resistir aos ataques dos mamelucos do Egipto[24]. O eleito para suceder no trono da Cilícia acabaria por ser um primo de Leão V, chamado Guy de Lusignan, mas que tomaria o nome de Constantino IV da Arménia.
Desde o reinado de outro Guy de Lusignan no trono de Jerusalém e na ilha de Chipre, no século XII, a Casa de Lusignan, de origem francesa, tinha um longo histórico de poder na região. Apesar das estreitas ligações históricas entre os Lusignans e os arménios, quando os latinos subiram ao poder, tentaram impor o seu cristianismo ocidental e o estilo de vida europeu à população local. Na maioria, os líderes arménios aceitaram a situação, mas o povo opôs-se à mudança, o que levaria a conflitos internos no reino[7].
No final do século XIV, a Cilícia foi invadida pelos mamelucos, e com a perda de Sis em Abril de 1375, acabava o Reino Latino da Arménia. Leão VI, o último rei, recebeu livre conduto para abandonar a região, e morreria no exílio em Paris em 1393 após tentar, em vão, proclamar outra cruzada. O título foi então reivindicado pelo seu primo, Tiago I de Chipre[7], e posteriormente pela Casa de Sabóia.
Apesar de os mamelucos do Egipto terem conseguido tomar a Cilícia, acabariam por ser derrotados por tribos túrquicas ao comando de Tamerlão. 30 000 arménios fugiram para o Chipre, sob o domínio ocidental até 1489, tendo ficado na região só a população mais pobre, que permaneceria até ao genocídio Arménio de 1915. Os seus descendentes encontram-se dispersos na chamada diáspora arménia, e a Santa Sé da Cilícia encontra-se em Antelias, no Líbano[7].
[editar] O contacto com o ocidente
A convivência com os cruzados ocidentais, particularmente da França, marcou a cultura arménia local. A nobreza da Cilícia adoptou vários aspectos do estilo de vida europeu, incluindo a cavalaria medieval, roupas e prenomes. A influência linguística foi tão marcante que duas novas letras (Ֆ ֆ = "f" e Օ օ = "o") foram adicionadas ao alfabeto arménio.
O rei Leão II da Arménia incentivou a economia e o comércio da Cilícia pela interacção com os mercadores europeus[25]. As principais cidades e castelos do reino incluíam o porto de Corícia, Lampron, Partzerpert, Vahka, Hromgla, Tarso, Anazarbe, Til Hamdoun, Mamistra, Adana e o porto de Ayas, que servia como terminal ocidental no Oriente. Os pisanos, genvoeses e venezianos também estabeleceram colónias nesta última cidade, na sequência de tratados com a Arménia Cilícia no século XIII[26], e seria daqui que Marco Polo partiria em 1271 para a sua viagem até à China[26].
A estrutura da sociedade aproximou-se mais do feudalismo ocidental do que do sistema nakharar tradicional da Arménia, no qual o rei tinha simplesmente uma relação de primeiro entre iguais com a nobreza. Este período também foi marcado pela produção de importantes exemplos de arte arménia, na qual se destacam os manuscritos iluminados de Toros Roslin no século XIII[27].
Na religião havia mais hostilidade às novidades importadas - a população cristã arménia em geral desaprovava da conversão ao cristianismo ocidental ou à ortodoxia grega. Em 1198 tinha sido proclamada uma união entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Apostólica Arménia pelo catholicós de Sis (ou Adana), mas a teoria não passou muito à prática devido à oposição de muitos clérigos e leigos locais.
Várias missões de franciscanos de Roma (incluindo João de Montecorvino em 1298[28]) foram enviadas à Cilícia para ajudar esta aproximação, mas com poucos resultados. No entanto, o próprio rei Hetum II da Arménia seria ordenado monge franciscano depois de abdicar do trono. E o historiador arménio Nerses Balients do século XIV era um franciscano, parte do movimento que defendia a unificação com a Igreja latina.
Em 1441, já após a queda do reino, o catholicós de Sis reafirmou a união das igrejas arménia e latina no Concílio de Basileia-Ferrara-Florença, mas esta acção provocou um cisma na Igreja Arménia, que instalou uma sé em Etchmiadzin (que permaneceu fiel à Igreja Apostólica Arménia) e marginalizou a sé de Sis (que era católica) [29].