[editar] Impactos do recuo dos glaciares
O recuo continuado dos glaciares terá vários impactos quantitativos distintos. Em áreas muito dependentes das águas escoadas desde glaciares que derretem durante os meses mais quentes do verão, a continuação do recuo actual acabará eventualmente por fazer desaparecer o gelo glaciar e reduzir substancialmente ou mesmo eliminar a quantidade de água escoada. Uma redução do escoamento afectará a capacidade de irrigação das colheitas e reduzirá os caudais estivais dos cursos de água, necessários à manutenção dos níveis de água em albufeiras e reservatórios. Esta situação é particularmente aguda para a irrigação na América do Sul, onde numerosos lagos artificiais são cheios exclusivamente com água originada no derretimento de glaciares.[74] Os países da Ásia Central são também historicamente dependentes da água que sazonalmente escorre dos glaciares, quer para a irrigação quer para o consumo humano. Na Noruega, Alpes e Costa Pacífica do Noroeste da América do Norte, as águas dos glaciares são importantes para a produção hidroeléctrica.
Alguns destes recuos deram origem a esforços para abrandar a perda dos glaciares dos Alpes. Como meio de retardar o derretimento dos glaciares utilizados por certas estncias de esqui da Áustria, os glaciares Stubai e Pitztal foram cobertos com plástico. Na Suíça é também utilizado plástico para reduzir o derretimento de gelo glaciar utilizado na prática de esqui.[75] Apesar de poder ser vantajosa para as estncias de esqui em pequena escala, não se pensa que esta prática possa ser economicamente praticável a uma escala muito maior.
Muitas espécies de plantas e animais de água doce e de água salgada, estão dependentes de águas fornecidas por glaciares para que seja mantido o habitat frio a que se adaptaram. Algumas espécies de peixes de água doce necessitam água fria para sobreviver e reproduzir-se, como por exemplo o salmão. A redução do escoamento de água proveniente dos glaciares poderá conduzir a caudais insuficientes nos cursos de água, impedindo a sobrevivência desta espécies.
As alterações nas correntes ocenicas devido ao aumento da quantidade de água doce que chega aos oceanos devido ao derretimento de glaciares, e as potenciais alterações da circulação termoalina, podem ter impactos nas reservas pesqueiras de que os humanos dependem, bem como sobre o próprio clima.
O potencial para uma grande subida do nível do mar depende sobretudo da ocorrência de fusão significativa nos mantos de gelo polares da Gronelndia e da Antárctida, pois é aqui que se encontra grande parte do gelo glaciar. O British Antarctic Survey, utilizando modelos climáticos, determinou que pelo menos nos próximos 50 anos, a queda de neve na Antárctida deverá continuar a exceder as perdas glaciares devidas ao aquecimento global. A perda glaciar na Antárctida não está a aumentar significativamente, e não se sabe se este continente tem tendência a arrefecer ou a aquecer, apesar da Península Antárctica ter aquecido em anos recentes, provocando o recuo dos glaciares nessa região.[76] Se todo o gelo dos mantos polares derretesse, estima-se que os oceanos do mundo veriam o seu nível aumentado em cerca de 70 m. No entanto, com os baixos níveis de derretimento esperados para a Antárctida, o nível do mar não deverá subir mais de 0.5 m, durante o século XXI, com uma subida média de 0