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FILOSOFIA: Quando o homem se confunde
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De: NATY-NATY  (Mensaje original) Enviado: 13/12/2009 22:08

Quando o homem se confunde
com Deus

Caminho místico e esotérico do Islã, o sufismo tem por objetivo purificar o coração dos homens a fim de permitir que aquele que o pratica venha a atingir a união total com Deus

Débora F. Lerrer

Débora Lerrer

Cerimônia do zikr em São Paulo

O sufismo é o caminho místico do Islã que, como muitas outras religiões, possui um aspecto exterior e outro interior. O aspecto exterior é aquele da Lei revelada, a Sharia, que se ocupa da observncia dos ritos e dos atos de devoção. O aspecto interior existe através do sufismo, designado na doutrina islmica pelo termo árabe tasawwuf, cujo objetivo é purificar o coração a fim de permitir que aquele que o pratica venha a se confundir com Deus.

O sufismo se apresenta como uma seqüência de experiências pessoais que compõem uma busca espiritual interior, visando permitir que o homem realize a unidade com Deus e reencontre sua natureza de "homem perfeito", recordando sua origem divina e espiritual.

Conta-se que quando Deus criou o homem, ele deixou uma parte dele em seu coração - e é justamente através do coração que o homem pode acessar Deus e sua essência divina.

"Alá soprou na alma humana o seu próprio espírito, seu coração, que é o espírito divino, dando vida a esse corpo e conferindo um lugar privilegiado na criação. Só que a alma humana esqueceu da sua origem", diz o sheik brasileiro Muhammad Ragip, que representa no Brasil a ordem sufi Halveti AI-Jerrahi.

"Nós entendemos a religião como um método de despertar em nossos corações o amor a Deus. Compreendemos que a grande carência humana, esse vazio que permeia todo ser humano que sai em busca de um sentido para sua vida, é fruto da desconexão com essa origem divina", diz Ragip.

Para recordar essa origem divina, os sufis praticam o zikr, termo que significa, ao mesmo tempo, "recordação", "menção", "lembrança", "evocação", "rememoração". O zikr se baseia na repetição de atributos e nomes divinos de Alá, e é também o nome dado às cerimônias sufi, repletas de orações, músicas e, dependendo da ordem sufi, a famosa dança cósmica dos dervixes rodopiadores. A prática do zikr pode ser individual e deve prosseguir até que o nome divino se aposse do coração daquele que o invoca.

"Um sufi é aquele em que cada palavra e cada ato que pratica corresponde a um estado interior. Ele é aquele que conseguiu unificar os dois mundos. Isso é o que diz uma citação famosa de um mestre sufi", conta Sergio Rizek, editor e tradutor da Attar Editorial, que tem publicado autores clássicos sufis - entre eles Rumi e Attar - e que agora está lançando Gulstan, de Saadi de Shiraz.

Segundo Rizek, esse objetivo é a realização do grande jihad islmico. "A palavra jihad passou por um alto grau de corrupção. Ela não quer dizer guerra santa, e sim a unificação entre os dois mundos: a interioridade e a intenção declarada com atos e palavras. O processo de unificação entre oração, palavra e atos é que é o grande jihad", explica o editor.



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